Diante da baixa atividade econômica, o Banco Central abandonou, ainda que temporariamente, as preocupações com a taxa de inflação que está abaixo da meta em todas as projeções da própria instituição e do mercado. Mesmo tendo diminuÃdo a velocidade de queda da Selic, a taxa básica de juros, ;nas duas reuniões anteriores a de abril a redução tinha sido de 1,5 ponto percentual e agora foi de 1% ; o Comitê de PolÃtica Monetária (Copom) deixa claro que a redução vai continuar. A taxa está em 10,25% e o mercado espera a repetição da diminuição de um ponto percentual na reunião marcada para junho. Com isso, a taxa Selic cairá para inimagináveis 9,25%.
Na ata divulgada ontem, o BC enfatiza que a melhora do ambiente externo e a recuperação da economia no fim de março é ainda ;incipiente; e baseada, principalmente, nas ações do governo ; entre elas a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre automóveis, eletrodomésticos e materiais de construção. Daà porque, embora cauteloso, o comitê presidido por Henrique Meirelles, sinaliza para quedas futuras da taxa.
;Para o Banco Central, a atividade econômica está tendo, neste momento, um peso maior que a inflação. Ela (a atividade econômica) melhorou, mas a redução das expectativas inflacionárias melhorou muito mais, inclusive em velocidade;, disse a economista-chefe do ING Bank, Zeina Latif. No atual contexto, de acordo com Latif, o nÃvel de atividade econômica é o ponto mais sensÃvel, o que detém a preocupação do Banco Central.
Em um trecho da ata, o Banco Central cita que o desaquecimento da demanda criou ;importante margem de ociosidade dos fatores de produção, que não deve ser eliminada rapidamente em um cenário de recuperação gradual da atividade econômica;. Um dos indicativos mais importantes para a continuidade da queda dos juros está no parágrafo 24 da ata. ; Mesmo diante das consequências do processo de ajuste do balanço de pagamentos (que contabiliza todas as contas do paÃs com o exterior) e da presença de mecanismos de realimentação inflacionária na economia, existe espaço para a flexibilização da polÃtica monetária;, disse o documento.
Quanto à inflação, o Copom avaliou no documento que o mercado financeiro ainda não incorporou integralmente a melhora das condições futuras para a inflação no mercado de juros. No parágrafo 23 da ata, os diretores do BC afirmam que o ;Copom entende também que a melhora do cenário prospectivo para a inflação em 2009 e em 2010 não foi, até o momento, incorporada na estrutura a termo da taxa de juros;.
A percepção do comitê de que há melhora no cenário é sustentada pelos sinais de arrefecimento da atividade, afirma o documento. O texto cita, por exemplo, ;indicadores de produção industrial (ainda que exacerbados, em alguns setores, pela continuidade do ajuste de estoques;, dados disponÃveis sobre o mercado de trabalho e taxas de utilização da capacidade na indústria, bem como sobre confiança de empresários e consumidores, e do recuo das expectativas de inflação para horizontes relevantes.
Diante da evolução desses números, a ata afirma que ;continuaram se consolidando as perspectivas de concretização de um cenário inflacionário benigno, no qual o IPCA voltaria a evoluir de forma consistente com a trajetória das metas, que é de 4,50% (centro da meta).
;A projeção para a inflação em 2009 recuou em relação ao valor considerado na reunião do Copom de março e encontra-se sensivelmente abaixo do centro de 4,5% para a meta fixada.;
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