A Vale admite facilitar ainda mais as condições de venda de seus produtos, de acordo com os interesses de seus clientes, disse nesta quinta-feira (7/05) o diretor executivo de finanças da empresa, Fábio Barbosa.
Sem esconder a preferência pelo "benchmark" (no qual os preços são definidos em contratos com prazo estipulado), Barbosa admitiu que a mineradora poderá usar diversas alternativas de precificação de seus produtos, cujos preços médios caíram 15% no primeiro trimestre.
"A Vale terá uma postura flexível em relação à precificação. Entendemos que os produtos poderão ser precificados de acordo com a variedade de alternativa, pela preferência dos clientes", afirmou, em entrevista coletiva na qual comentou os resultados da companhia no primeiro trimestre.
O executivo lembrou que a política comercial mais flexível poderá ter algum efeito no planejamento da empresa, já que as vendas poderão variar mais.
No mês passado, a Vale anunciou desconto de 20% no preço do minério de ferro que havia sido negociado em 2008. Os 20% restantes serão negociados de acordo com o ajuste do preço do minério em 2009.
Barbosa comentou ainda que a redução da demanda por parte da Europa e dos Estados Unidos aumentou drasticamente o volume negociado com a China. No primeiro trimestre, 45% do total vendido foi direcionado à China. No quarto trimestre de 2008, as vendas para o mercado chinês representavam apenas 13% do total.
Ao mesmo tempo, a Europa, cuja vendas significaram 26% do total no quarto trimestre, representou 15% do total entre janeiro e março. Cerca de 18% dos produtos foram embarcados para o Japão no último trimestre de 2008; no primeiro trimestre, representaram apenas 9%.
"Há uma perda, que acreditamos que seja temporária, de demanda no Ocidente. A demanda chinesa se recuperou e compensou parcialmente as menores importações dos mercados desenvolvidos", observou Barbosa, que não fez qualquer previsão sobre as vendas da companhia para 2009.
Para o executivo, há sinais de certa estabilização na economia mundial, mas a recuperação passa pela retomada da demanda dos chamados gigantes, como Estados Unidos, Europa e Japão. Em termos de receita bruta, 44,7% do total do primeiro trimestre foram oriundos das vendas para a China, ante 17,2% observados em igual período em 2008. Os Estados Unidos representaram 4,1%, contra 8,6% no primeiro trimestre do ano passado.
"Apesar de os Estados Unidos não terem grande participação em nossas vendas, é importante para o mundo a recuperação da economia de lá, que representa 25% do total do mundo. Os efeitos indiretos são fundamentais", explicou Barbosa.