Duas das principais avenidas do Plano Piloto, as W3 Sul e Norte, não resistiram à s mudanças econômicas ocorridas no DF nas últimas três décadas e arrastaram para o fundo do poço parte do comércio local. Pesquisa realizada pelo Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de BrasÃlia (Sindhobar) mostra que há 126 lojas fechadas nesses corredores ; saldo considerado alto demais pelos empresários instalados à s margens das pistas. A subutilização de determinados espaços inibe investimentos privados e contribui para distorções no mercado imobiliário.
O problema é mais grave na Asa Sul, onde 79 estabelecimentos estão inativos. As quadras 506, 508, 516 e 502 são as campeãs na quantidade de lojas fantasmas. Já na Asa Norte, 47 imóveis não têm movimento algum: 503, 513 e 714 ostentam os maiores Ãndices de desocupação. Clayton Machado, presidente do Sindhobar, diz que é preciso melhorar a infraestrutura, o policiamento, a iluminação, mexer no trânsito e criar estacionamentos para atrair clientes e novos empreendedores. ;Movimento significa que o produto é bom, que a loja é séria. Quando o comércio está morto aqueles que estão ali correm o risco de sair;, explica.
Em 2006, o Sindhobar fez a mesma pesquisa na região. Na época, o levantamento identificou 182 lojas desocupadas (98 na W3 Sul e 84 na W3 Norte). Apesar da discreta melhora, segundo Machado, não há o que comemorar. De acordo com ele, o recente avanço de atividades não comerciais ; como templos e igrejas ; sobre imóveis antes vazios acabou por desvirtuar algumas quadras. ;A ocupação foi muito diversificada, principalmente de igrejas;, lembra. Estimativas não oficiais indicam que existem cerca de mil lojas nas W3 Sul e Norte.
PrejuÃzo
Praticamente sem vizinhos por perto há um ano ou mais, Lázaro Guimarães afirma que os negócios acabam sendo prejudicados. Sócio-proprietário da Casa do Pão, na 506 Sul, ele acredita que estacionamentos, mudanças no trânsito e a atração de grandes magazines poderiam mudar por completo o cenário de terra arrasada visto atualmente. ;O comércio fomenta o comércio. Veja a minha situação: no bloco onde estamos instalados, das 14 lojas, oito estão fechadas e só seis abertas. Se tivesse tudo funcionando direitinho a rotatividade de gente seria bem maior, haveria mais emprego e renda;, completa.
O ;apagão; em algumas partes do comércio nas duas W3 também interfere de forma negativa no equilÃbrio dos preços tanto de aluguel quanto de venda dos imóveis. A valorização ou desvalorização das áreas não obedece à lei da oferta e da procura. Resultado: em alguns pontos das avenidas alugar, vender ou comprar é mais caro ou mais barato conforme critérios subjetivos. ;O mercado imobiliário naquela região enfrenta problemas. O que faz o comércio é a vizinhança e para mudar aquela realidade seria preciso dar um novo formato à s avenidas;, reforça Miguel Setembrino, presidente do Secovi-DF, entidade que representa as empresas de compra, venda de imóveis.
Há propostas de revitalização em andamento. Uma delas, de iniciativa do GDF, propõe mudanças fÃsicas e estruturais a custos compartilhados com os empresários. As primeiras reuniões entre governo e comerciantes já aconteceram. Ivelise Longhi, administradora de BrasÃlia, diz que está em estudo a reforma de calçadas e fachadas com abatimentos no IPTU. O BRB, ainda segundo Ivelise, ofereceria linhas especiais de crédito aos empresários. O projeto piloto deverá ser implantado na W3 Sul. ;É preciso tornar aquele espaço mais atrativo;, resume.
» Ãudio: ouça entrevista com Clayton Machado, presidente do Sindhobar