Jornal Correio Braziliense

Economia

Cai preço do material de construção no país

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Em tempos de crise, economizar passa a ser regra para muitos consumidores. As reduções anunciadas pelo governo na semana passada nas alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para materiais de construção podem ser um bom presságio de que preços mais baixos estão a caminho. Para adquirir produtos mais em conta, no entanto, será preciso bater mais perna do que o normal. As visitas a várias lojas para fazer pesquisas de preços terão de ser intensificadas para verificar não apenas os valores das mercadorias, mas também se a redução do IPI está sendo repassada integralmente às etiquetas. A notícia da possibilidade de preços mais em conta levou o casal Ailton e Gislene Bonfim às lojas ontem. Eles haviam pesquisado preços há um mês, mas resolveram esperar para comprar depois. A cautela acabou trazendo sorte aos dois, que serão beneficiados pela redução na alíquota do IPI. ;Recebemos quatro orçamentos e semana que vem faremos tudo outra vez para ver como estarão os preços com o desconto do IPI;, disse Ailton, 49. Ele e a esposa estão terminando a construção da casa e comemoraram a mudança da alíquota do imposto. ;Vamos aproveitar para pegar produtos de qualidade superior;, contou Gislene, 47. Além de ajudar na finalização da casa, os incentivos dados pelo governo federal à indústria automobilística levaram os dois a comprar dois carros novos. Teoria e prática No campo dos materiais de construção, a redução foi concedida a alguns produtos. As novas alíquotas entraram em vigor em 1º de abril e vão vigorar por três meses. Ainda não deu tempo de os produtos encomendados com a nova alíquota chegarem às prateleiras, mas, mesmo assim, há quem ofereça preços com o desconto. O empresário Marco Túlio Queiroz, 47, que trabalha com construção e reformas, garantiu que ainda não achou produtos com desconto. ;Ainda não vi o repasse;, disse. De acordo com João Machado, gerente comercial da Cimfel, o tempo médio para recebimento dos produtos vai de sete a 15 dias. ;Só a partir desta semana vamos começar a receber as primeiras mercadorias, mas nossa disposição é vender o que está no estoque com o preço novo;, afirmou. O preço mais em conta é uma arma para conquistar os clientes que, com a crise, ficaram mais ligados ao valor das mercadorias do que antes. ;Desde setembro observamos os consumidores mais receosos de fazerem investimentos de longo prazo. Além disso, o cliente está mais sensível ao preço;, disse Machado. Antes, o foco dos consumidores era mais voltado à facilidade de pagamento e ao atendimento. A medida do governo quer agir exatamente nos preços para, assim, incentivar o consumo. A estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) é que os valores caiam até 8%. Para Cecin Sarkis, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Construção do Distrito Federal (Sindimac), a medida vai ajudar o setor a recuperar a perda de 15% sentida desde o começo da crise, em setembro, e ainda expandir as vendas. ;Isso vai aquecer as lojas do DF e ainda contamos com a proximidade da seca (o que amplia a quantidade de obras no DF) e novos financiamentos para reforma e construção;, avaliou Sarkis. Dicas A orientação do Sindimac é que o repasse do benefício concedido pelo governo seja imediato. ;Quem não repassou está perdendo tempo e espaço;, declarou. Segundo ele, a melhor opção é repassar o desconto do IPI aos produtos do estoque e, daqui a três meses, quando acaba o prazo da redução, compensar a perda de agora. ;As pessoas aproveitam para comprar com promoções;, afirmou. Passar o desconto pode ajudar a atrair a clientela. Tanto que algumas lojas estão aproveitando para fazer campanha publicitária em cima do assunto. Pode ser uma boa opção para alavancar as vendas prejudicadas pela crise e pela inflação. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), medido pela Fundação Getulio Vargas, os preços ficaram bem mais salgados nos últimos 12 meses. Os materiais de pintura subiram 7,58%, os hidráulicos, 9,16% e os elétricos, 3,01%. Acostumado a frequentar lojas de materiais de construção, Marco Túlio Queiroz sugere que os clientes pesquisem os preços e procurem os lojistas para tentar negociar. ;É preciso exigir o desconto adicional. Eles têm sempre de 5% a 10% na manga para oferecer;, ensinou. Segundo o empresário, a tática de negociação não costuma falhar. ;Sempre consigo um desconto melhor com o gerente do que com políticas de governo;, afirmou.