As autoridades regulatórias federais dos Estados Unidos para o setor bancário devem se encontrar nesta semana para discutir como serão analisados os resultados dos testes de resistência que o governo vem realizando sobre as 19 principais instituições bancárias americanas, segundo reportagem desta segunda-feira no site do diário financeiro americano The Wall Street Journal (WSJ).
Os testes foram anunciados no fim de fevereiro, para determinar se as maiores instituições bancárias dos EUA têm capital suficiente para aguentar o impacto de um ambiente econômico como o atual.
Os testes vão avaliar se os bancos conseguiriam se manter mesmo com uma taxa de desemprego no país acima de 10% (atualmente está em 8,5%) e com uma queda de mais 25% nos preços dos imóveis, destaca o "WSJ". Bancos com mais de US$ 100 bilhões em ativos estão passando pelos testes, que estabelecerão a necessidade de novas injeções de capital ou de outras formas de ajuda por parte do governo.
Entre os temas a serem discutidos nesta semana no encontro, as autoridades regulatórias devem também avaliar o impacto que a flexibilização das normas de avaliação de ativos, determinada na quinta-feira (2/04) pelo Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (Fasb, na sigla em inglês), poderá ter sobre os bancos. Com a flexibilização, os auditores terão maior margem de manobra para avaliar o real valor de ativos sem liquidez.
A norma modificada, chamada "mark-to-market", obriga as instituições financeiras a avaliar seus ativos no valor de mercado. Nos casos de ativos "tóxicos" (com alto risco de calote) herdados da bolha imobiliária, dificilmente recuperáveis, o valor atual (ante o real) é considerado como muito baixo, causando grandes perdas para os bancos.
Além de evitar que as instituições financeiras sofram grandes baixas contábeis, a medida também abre espaço para um aumento dos empréstimos na economia.
Pesquisa do instituto Zogby divulgada na semana passada mostrou que 51% dos americanos deseja que o presidente dos EUA, Barack Obama, corte a ajuda aos bancos em crise, e um terço defendeu a nacionalização temporária dessas instituições.
Regulamentação No último dia 23, o Departamento do Tesouro apresentou o plano público-privado para retirar dos balanços dos bancos papéis "tóxicos" a fim de sanear os balanços das instituições bancárias americanas. O governo prevê que, dessa forma, sejam mobilizados ao menos US$ 500 bilhões para compras de títulos desse tipo, mas o programa pode chegar a US$ 1 trilhão.
Os US$ 100 bilhões iniciais que o governo pretende utilizar no chamado "Programa de Investimentos Público-Privados" sairão do Programa de Alívio de Ativos Problemáticos (Tarp, na sigla em inglês), programa aprovado em outubro do ano passado, na gestão do presidente George W. Bush, além de recursos de investidores privados.
Sobre a precificação dos papéis, o governo vai realizar leilões entre os bancos que estão vendendo esses ativos e os investidores interessados, na expectativa de criar um fluxo de mercado. Só após uma avaliação da eficácia do programa é que o governo vai considerar empregar mais dinheiro.