Jornal Correio Braziliense

Economia

Daqui a pouco ela sai e tudo volta ao normal na Daslu, diz vendedora

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Preocupada desde o ano passado com a possibilidade de ter de se afastar do trabalho, a empresária Eliana Tranchesi chegou a reunir suas funcionárias para orientá-las a "continuar exercendo naturalmente suas funções", caso ela fosse presa. Nesta quinta-feira (26/03), pela segunda vez, a Polícia Federal bateu à sua porta, no casarão do Morumbi. O movimento na butique, ontem, esteve tranquilo até demais. "A gente ficou sabendo, mas não vai mudar nada. Daqui a pouco ela sai e tudo volta ao normal", acredita uma das vendedoras do espaço 284, uma nova marca feminina da Daslu. "Vamos lá, meninas, se Deus quiser, vamos vender tudo", diz uma chefe a suas vendedoras, tentando animá-las no silêncio da loja vazia. A preocupação maior dos amigos é com o estado de saúde da empresária, que em 2006 descobriu um câncer no pulmão. No começo deste ano, a doença recrudesceu e, agora, foi diagnosticada metástase nos ossos e região lombar. Desde fevereiro, ela vem se submetendo a pesadas sessões de quimioterapia. "Até há duas semanas ela não estava saindo da cama nem pra trabalhar", diz um amigo. Há cerca de um mês, Eliana escreveu um bilhete aos seus funcionários, dizendo que a situação de sua saúde é complicada, mas que ela vai lutar para superar o câncer. Em setembro de 2006, Tranchesi declarou: "A crise da Daslu e mais o câncer me fizeram sentir como se eu fosse uma criança deixando abruptamente a Disney. Até então, eu imaginava a vida como uma grande brincadeira... Vida, para mim, é busca da alegria. A Daslu é a Disney, onde tudo é lindo, as vendedoras são lindas, o cabelo é lindo, a roupa é linda, é tudo bonito. É tudo agradável. Então, de repente, você sai desse mundo da Disney e cai lá dentro do [hospital Albert] Einstein já com um monte de pacientes com câncer". Funcionários da Daslu contam que os tempos já não são os mesmos. Embora não se diga claramente que a contenção de despesas é consequência dos problemas com a Receita desde 2005, os produtores da loja não recebem mais com tanta parcimônia sinal verde para melhorias. Uma produtora diz que a seção de decoração, por exemplo, que na visão da própria Eliana precisava de uma "repaginada urgente", aguarda quem banque a reforma. "Imagina se antes alguém esperava permuta para fazer alguma coisa na Daslu."