Caso haja algum apoio aos frigoríficos que se encontram em dificuldades financeiras causadas principalmente pela queda nas exportações, o plano de ajuda tem que mirar os produtores. É a posição do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que participou nesta terça-feira (24/03) da parte final da audiência pública da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados para analisar a crise no setor.
"Se qualquer forma de socorro surgir, e não estou dizendo que vai surgir, ela tem que priorizar as dívidas dos produtores", afirmou o ministro.
Os deputados da comissão criticaram as ausências, na audiência, de representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) e dos grandes frigoríficos. Os parlamentares concordaram com a ideia de que o governo libere os créditos tributários devidos aos frigoríficos exportadores, desde que eles se comprometam a dar prioridade ao pagamento aos produtores.
O deputado Homero Pereira (PR-MT) disse que as ausências causam "indignação", pois a audiência pública objetiva encontrar soluções para a crise que atinge o setor. "Precisávamos dos frigoríficos respondendo quais são os problemas, qual o valor do crédito tributário devido pelo governo, mas não temos", reclamou.
Já o deputado Ernandes Amorim (PTB-RO) fez duras críticas ao BNDES. Segundo ele, o banco tem se negado a compartilhar com o Congresso as informações sobre o repasse de recursos aos grandes frigoríficos. "O BNDES é um grande padrinho dos grandes frigoríficos", afirmou o parlamentar, acrescentando que a instituição tem socorrido os grandes frigoríficos sem justificativas claras.
O deputado Cezar Silvestre (PPS-PR), que é integrante da Abrafrigo, mas não estava na audiência representando a associação, criticou os grandes frigoríficos e se opôs à possibilidade do governo editar um plano de socorro ao setor. No caso de alguma medida de apoio, ela pode sair até quinta-feira (26), quando ocorrerá a reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional).