Jornal Correio Braziliense

Economia

Gabrielli dá sinais de que preço da gasolina não cairá

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Mesmo sem admitir diretamente, o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, sinaliza nesta terça-feira (24/03) desde o início da audiência pública no Senado que, pelo menos por enquanto, a Petrobras não vai reduzir o preço da gasolina nas refinarias. Em diferentes momentos de sua exposição ou ao responder perguntas dos senadores, Gabrielli defendeu o preço atual e, mais do que isso, disse que a tendência para os preços internacionais da gasolina é de alta e não de baixa. "O preço da gasolina aponta para alta nos próximos três a quatro meses", disse. Gabrielli também afirmou que o preço praticado nas refinarias brasileiras está em linha com o de outros países. Segundo ele, a diferença paga a mais na bomba dos postos de combustíveis se deve aos impostos que incidem sobre os combustíveis e também à margem de lucro das distribuidoras. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) chegou a ironizar que a BR Distribuidora, pertencente à Petrobras, é uma das maiores distribuidoras do País. Gabrielli, entretanto, respondeu dizendo que a BR tem cerca de 30% do mercado. Ao defender os preços praticados pela Petrobras, Gabrielli disse que o litro da gasolina na refinaria custa menos do que um litro de água engarrafada. Ele disse ainda que a alta do dólar pesa no preço dos combustíveis e afirmou que a média da cotação do petróleo no primeiro trimestre foi de US$ 46 o barril, mas que agora o barril já está na casa dos US$ 54. Os senadores da oposição, entretanto, mantiveram a posição de que o preço da gasolina no Brasil está acima da média internacional. Investimentos e financiamento O presidente da Petrobras negou que os bancos públicos serão os financiadores dos investimentos da estatal nos próximos anos. De acordo com o Plano de Negócios da Petrobras, o aporte previsto de 2009 a 2013 é de US$ 174,4 bilhões. "Nossa maior fonte de financiamento é o mercado internacional", disse durante a audiência pública conjunta da Comissão de Assuntos Econômicos e Comissão de Infraestrutura do Senado. Gabrielli fez essas afirmações após provocação do senador Tasso Jereissati a respeito de busca de fundos pela Petrobras na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil no quarto trimestre de 2008. O presidente da estatal explicou que a Petrobras necessitou dos recursos desses bancos públicos por causa de uma mudança na área contábil e também do preço do petróleo no mercado internacional. De acordo com Gabrielli, para 2009, a estatal não necessita de financiamento para cumprir seu plano de investimentos. Segundo ele, se o barril do petróleo se mantiver na casa dos US$ 37, em 2009, a geração de caixa para a companhia será de US$ 10 bilhões. Além disso, ele lembrou que a Petrobras fez emissão externa em fevereiro e que já conta com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de empréstimo-ponte de outros bancos. Pelos cálculos do presidente da Petrobras, portanto, US$ 6 bilhões dos US$ 30 bilhões a serem investidos neste ano virão de bancos internacionais e US$ 10 bilhões de geração de recursos próprios. "Metade dos investimentos será com base nesses dois pontos", explicou. "Se o barril for cotado a US$ 47 em 2009, a geração de recursos no caixa da Petrobras será de US$ 15 bilhões", calculou. De acordo com ele, cada um dólar de aumento do preço do petróleo tipo Brent anual eleva o caixa da companhia em US$ 500 milhões. "Não há problema para financiar os investimentos", disse. Para 2010, a necessidade do financiamento é de US$ 19 bilhões. Para Gabrielli, se o preço do petróleo se mantiver estável em US$ 45 em 2011, também manterá inalterado o nível de endividamento da companhia até 2013.