Jornal Correio Braziliense

Economia

Serviços sustentam alta do emprego em fevereiro no DF

;

Mesmo com toda a onda de desemprego causada pela crise, há setores da economia que estão reagindo bem e contratando pessoal. O Distrito Federal, por exemplo, está com saldo líquido do emprego formal positivo graças ao setor de serviços. As contratações em massa, principalmente na área da educação e da saúde, garantiram a Brasília o quinto lugar na geração de empregos com carteira assinada em fevereiro. No total, o DF abriu 3.395 novas vagas, sendo que o setor de serviços respondeu por 2.780. No acumulado do ano, o saldo cai um pouco, para 3.220 vagas devido ao desempenho ruim do comércio em janeiro. A professora Fátima Cristina Frade dos Santos é uma das novas contratadas pelo Colégio Leonardo da Vinci. Com oito anos de profissão, Fátima dá aulas para alunos da primeira série do 1º grau. Satisfeita, ela conta que adora dar aulas e que trocou de emprego porque recebeu uma proposta salarial melhor do novo empregador. ;Dar aulas para as crianças pequenas é descobrir o novo todo dia. Elas valorizam tudo o que você traz para a sala de aula e, além disso, são muito carinhosas;, disse Fátima. O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-DF), Tiago Oliveira, avalia que o Distrito Federal é extremamente dependente da administração pública e dos serviços vinculados à administração pública, como alojamento, alimentação, reparação e manutenção, além da educação e saúde. Segundo ele, no início do ano os serviços sempre puxam o emprego para cima e isso acontece não só no Distrito Federal, mas também em outros estados. Em São Paulo, por exemplo, o setor de serviços também foi positivo em fevereiro. Como lá a indústria é forte, o que o estado ganhou nos serviços perdeu muito mais no setor industrial. Isso não acontece em Brasília. ;A indústria tem um peso pequeno no DF. Apenas cerca de 4% das pessoas ocupadas trabalham no setor;, disse o economista. Por isso, segundo ele, uma grande queda na indústria pode ser compensada por outros segmentos e o dado global do emprego ser positivo. Tiago Oliveira analisa que o efeito da crise no emprego vai ser sentido no DF um pouco tardiamente. Isso porque, ao contrário dos estados que têm na indústria o carro-chefe do emprego, no DF é o governo que sustenta outros setores. ;Quando o setor público começar a cortar os gastos, vai mexer na taxa de desemprego;, afirmou. Até os serviços vão sentir o efeito de um orçamento mais restritivo. Por exemplo, uma gráfica que faça serviços para o governo pode ter as encomendas encolhidas de uma hora para outra e, daí, a demitir pessoal é um pulo. Os empregos no setor público não fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. ;O Caged só capta o emprego celetista;, explicou o economista. Pelo Caged não foi apenas o Distrito Federal que teve um bom desempenho no mês passado. Toda a região Centro-Oeste criou novos postos de trabalho e o destaque foi o setor de serviços. O Centro-Oeste obteve, em fevereiro, o terceiro melhor saldo da série do Caged, com destaque para Goiás (mais 8.058 postos de trabalho), Mato Grosso (mais 5.378) e o Distrito Federal.