A Petrobras poderá realizar a refinaria de Abreu Lima, em Pernambuco, a chamada Refinaria do Nordeste sozinha, caso as negociações com a venezuelana PDVSA não avancem nos 60 dias a mais acordados na semana passada para continuidade das negociações. Por enquanto, a estatal está em processo de negociação de contratos, para tentar reduzir preços, com possibilidade de realização de novas licitações.
Segundo o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, a previsão inicial de custo era de US$ 4 bilhões, que seria dividida com a venezuelana. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, estimou recentemente que o custo total passará para cerca de R$ 20 bilhões, valor não confirmado pelo diretor da estatal. Costa disse reavaliar os valores com o mercado.
"Tivemos um crescimento grande do mercado até setembro e outubro, agora o mercado começa a dar algumas sinalizações importantes em termos de redução de preços", disse. Ele não quis estabelecer parâmetros, alegando que atrapalharia nas negociações com fornecedores.
Ele admitiu que há muitos preços ofertados acima das expectativas da companhia, chegando a 100% além da previsão. "Se chegar a uma conclusão, faz um relatório e manda para a diretoria. Se achar que não vai chegar a conclusão nenhuma, faz um novo processo licitatório", disse.
Pontos de discordância
A Petrobras já iniciou as contratações, mesmo sem ter fechado ainda a parceria com a PDVSA. A expectativa é de que a estatal brasileira fique com 60% do negócio e a venezuelana com 40%. A decisão sobre parceria precisa ser tomada até 25 de maio próximo. Caso contrário, a Petrobras vai levar o negócio adiante sem parceiros. "Se não chegar a um consenso... nós já estamos fazendo sozinhos", disse Costa.
Um dos pontos de discordância é o preço do petróleo que será fornecido pela venezuelana. Segundo o diretor da Petrobras, a proposta da PDVSA é que este valor seja atrelado a um indicador apontado pela própria Venezuela. Já a Petrobras quer que seja relacionado com algum indicador internacional, como o Brent ou o WTI.
Outro ponto é sobre a distribuição dos derivados. Costa explicou que sobre este ponto a Petrobras não tem ingerência alguma, já que se trata da legislação brasileira. A PDVSA teria o objetivo de ter independência sobre como ofertar a parte que lhe couber dos produtos, o que poderia prejudicar o abastecimento do mercado brasileiro, caso os 40% fossem exportados.
Bolívia
A Petrobras informou hoje, por meio de nota, que pretende ampliar o consumo de gás vindo da Bolívia, atualmente em 20,5 milhões de metros cúbicos diários, para 24 milhões de metros cúbicos. O aumento será para abastecer as usinas térmicas, com a chegada do período seco no país.