A Petrobras admitiu nesta sexta-feira (20/03) que só vai reajustar os preços dos combustíveis quando recuperar as perdas que teve ao manter os valores estáveis de 2005 até maio do ano passado, quando a gasolina teve alta de 10% e o diesel, de 15%. Apesar disso, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, não mencionou qual seria o déficit de receita que precisa ser compensado.
Durante a semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula chegou a dizer que uma redução de preços precisaria ser discutida com a Petrobras, para evitar que a companhia tivesse perdas e que o superávit primário do país fosse afetado --a contribuição da Petrobras para o resultado é elevada.
Diante das especulações sobre eventuais reajustes e de reclamações do mercado de que a estatal estaria cobrando preços muito acima dos praticados nos mercados internacionais, a Petrobras convocou entrevista coletiva de imprensa para explicar os preços da companhia.
No caso da gasolina, são cobrados pela estatal na porta da refinaria R$ 1,10 por litro; pelo do diesel, o valor é de R$ 1,33. Segundo a Petrobras, "o resto da composição" de preços é formado por tributos e por uma margem bruta dos distribuidores e revendedores.
'Fase de recuperação'
Segundo Paulo Roberto Costa, a companhia manterá sua política de preços de longo prazo. "Está em uma fase de recuperação. A hora em que fizer o ajuste de preços, é porque acabou a recuperação", disse Costa.
O diretor afirmou não haver decisão política para a manutenção dos preços atuais, mas admitiu que a manutenção da receita em um momento de crise de crédito é importante e que o resultado da Petrobras para o país também pesam nas decisões.
"Tivemos uma defasagem que obviamente não foi compensada por um aumento de 10% (da gasolina) nem 15% (do diesel). Mas é a política que a Petrobras adota. Parte da sociedade acha que é errado, talvez parte ache que é correto, mas a Petrobras entende que não pode repassar a volatilidade todo dia para a bomba, para o consumidor", disse.
Para Costa, os preços de mais de US$ 140 por barril de petróleo atingidos no ano passado eram artificiais. O preço ideal seria entre US$ 70 e US$ 80 por barril - hoje, está na cada dos US$ 50. "É um preço que viabiliza os investimentos e que não vai causar tantos transtornos no mercado. É um preço que viabiliza a produção e permite ao consumidor pagar. É óbvio que o petróleo a US$ 140 foi só especulação. Não faz sentido econômico", afirmou.
Costa destacou que os preços passados viabilizaram os investimentos necessários para permitir o abastecimento hoje e evitar que haja, no futuro, um aumento de preços real, baseado em falta de oferta.