Com as perdas bilionários dos bancos norte-americanos por conta do agravamento da crise econômica, os bancos brasileiros ganharam espaço entre as instituições mais lucrativas e rentáveis do continente. Segundo estudo da consultoria Economática, três dos cinco primeiros do ranking são brasileiros.
O Banco do Brasil é o melhor colocado na lista, em terceiro lugar, com lucro líquido de US$ 3,767 bilhões no ano passado. Em seguida aparecem o Itaú (lucro de US$ 3,3 bilhões) e Bradesco (US$ 3,2 bilhões). O último representante brasileiro, o Santander, aparece na 17ª posição, com lucro de US$ 676 milhões.
De acordo com o estudo da Economática, que analisou o lucro líquido dos bancos de capital aberto (ou seja, com ações negociadas em Bolsa), na lista constam ainda um mexicano e um chileno, ambos sendo filiais do espanhol Santander.
A liderança geral, porém, ainda é dos Estados Unidos, com o JP Morgan Chase, que registrou lucro líquido de US$ 5,6 bilhões em 2008, e o Bank of America, com lucro de US$ 4 bilhões. Apesar das perdas por causa da crise, os bancos americanos dominam a lista: dos 20 mais lucrativos, possuem 14 representantes.
Já entre os 20 mais lucrativos se verifica que os mais rentáveis são dois bancos brasileiros: BB e Bradesco. Para medir o mais rentável utiliza-se a chamada ROE (Rentabilidade sobre Patrimônio Líquido).
A ROE é um indicador ao qual analistas financeiros dão muita atenção porque, de forma simplificada, reflete o quanto uma empresa consegue crescer sem fazer novos investimentos, usando apenas o patrimônio que já possui.
Nesse quesito, o Banco do Brasil apresenta rentabilidade de 32,5%, seguido pelo Bradesco, com 23,6%. Entre os cinco mais lucrativos estão quatro bancos latinos, incluindo o Itaú em quinto (21,5%).
Já os mais lucrativos - JP Morgan e Bank of America - ficam nas ultimas posições, com taxas de 3,9% e 2,5%, respectivamente -. Segundo a Economática, isso "demonstra que a qualidade do Banco do Brasil e Bradesco é muito mais representativa, apesar de terem um lucro menor".
Dois fatores práticos, porém, explicam o fato de os ganhos dos bancos brasileiros superarem os dos americanos. Em primeiro lugar, a maior concorrência nos Estados Unidos, sendo que o Brasil é conhecido por seu um dos países com maior concentração bancária do mundo. Em segundo lugar estão os juros altos.
Apesar do corte da taxa Selic na semana passada, o Brasil continua com uma das maiores taxas de juros do mundo. Em termos nominais, ficam à frente da taxa os juros na Venezuela (17,06%), Rússia (13%), Turquia (11,50%) e Argentina (11,38%). Em relação aos juros reais (descontada a inflação), o Brasil continua com a maior taxa, de 6,51% ao ano.