A gigante americana do setor hipotecário Fannie Mae, que se encontra sob administração do governo desde setembro do ano passado, planeja pagar a quatro de seus principais executivos bônus de mais de US$ 1 milhão cada. No mês passado, a empresa anunciou um prejuízo de US$ 58,7 bilhões em 2008 e pediu ao Tesouro uma ajuda de US$ 15,2 bilhões para cobrir o déficit.
O anúncio da Fannie sobre o pagamento de bônus chega no momento em que o tema ganhou o centro das atenções, após a seguradora AIG tem anunciado o pagamento de US$ 165 milhões a seus executivos. A seguradora teve um prejuízo de US$ 61,7 bilhões no quarto trimestre e de US$ 99,289 bilhões em 2008 como um todo, ambos recorde.
A AIG já havia recebido US$ 150 bilhões do governo quando foi anunciado um novo pacote de ajuda, no valor de US$ 30 bilhões no último dia 2.
O diretor-operacional da Fannie, Michael Williams, deve receber US$ 1,3 milhão; o vice-diretor-financeiro, David Hisey, deve receber US$ 1,1 milhão; e os vice-presidentes-executivos Thomas Lund (responsável pela área de hipotecas) e Kenneth Bacon (da área de desenvolvimento imobiliário e de comunidades) devem receber, cada um, US$ 1 milhão.
Uma parcela dos bônus foi paga no ano passado, segundo o diário americano The Washington Post. Os executivos citados pelo jornal receberam salários entre US$ 385 mil e US$ 676 mil no ano passado.
O executivo-chefe da Fannie Mae, Herbert Allison, não recebeu nem salário nem bônus no ano passado - ele recebeu apenas, segundo o Post, US$ 60 mil como forma de compensação por sua mudança para Washington, para dirigir a companhia. A oferta salarial feita a ele no ano passado foi de US$ 900 mil e, para este ano, segundo a reportagem, ainda não foi acertado nenhum valor.
Programa de bonificações
Quando assumiu a condução da Fannie no ano passado, o governo estabeleceu um programa de bonificações, pelo qual funcionários considerados essenciais para implementar os planos do governo para o setor imobiliário receberiam bônus, mas alguns poderiam não receber tais pagamentos.
"Começamos a preparar um plano de bonificações com um consultor antes mesmo de assumirmos, porque era crucial manter alguns dos funcionários mais importantes, aos quais foi pedido para desempenhar um papel vital na recuperação econômica do país", disse o diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação (FHFA, na sigla em inglês, agência do governo que agora controla a Fannie Mae), James Lockhart.
"Como as equipes principais anteriores deixaram a companhia, teria sido catastrófico perder outros funcionários altamente experientes." A Freddie Mac, outra das principais empresas do setor hipotecário dos EUA, não revelou seu programa de bonificações, mas, segundo o "Post", deve revelar nos próximos meses e a expectativa é de que apresente valores parecidos com os da Fannie.