A carteira de crédito do Banco do Brasil cresceu 13,2% desde outubro, quando começaram os efeitos da crise financeira global sobre o sistema bancário brasileiro. Segundo dados apresentados nesta quarta-feira (18/03) pelo presidente da instituição, Antonio Francisco de Lima Neto, o volume emprestado passou de R$ 212 bilhões no início da crise econômica para R$ 240 bilhões em fevereiro deste ano.
Além disso, com a escassez nas linhas para comércio exterior nos bancos privados, o maior banco público do país aumentou sua participação nesse segmento de 25% para 33% do total nesse período.
Para Lima Neto, esses números mostram que o BB agiu na contramão das instituições privadas, que reduziram o crédito durante os piores momentos da crise.
"Temos atuado aproveitando a crise como uma oportunidade. Não tomamos nenhuma medida de contingência, travando o crédito", afirmou o presidente do BB durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Juros e spread
Lima Neto negou que o banco tenha aproveitado a crise para aumentar o spread bancário - diferença entre a taxa de captação dos bancos e os juros que eles cobram dos clientes. O spread embute os custos, riscos, impostos e lucro das instituições financeiras. No caso do BB, o custo com a provisão contra inadimplência representa 38% do spread.
Segundo ele, houve divergências nas informações prestadas pelo BB ao Banco Central, que divulga semanalmente o ranking das taxas de juros no país. O primeiro problema foi uma informação incorreta sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), tributo que incide nos empréstimos.
Outro problema foi a comparação de uma linha de capital de giro do BB, com prazo de 24 meses, com linhas de 12 meses de outros bancos. Com prazo maior, a linha do banco estatal apresenta juro mais caro.
"O juro praticado pelo BB, podia parecer que tinha extrapolado. Mas o que tivemos foi um erro de informação, o que deixava o Banco do Brasil aparecendo mal nos primeiros rankings. Hoje isso foi concertado e o BB aparece em colocações razoáveis", afirmou.
A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho, também afirmou que os bancos públicos reduziram suas taxas de juros desde o início da crise. No caso da Caixa, foram três reduções.
Os presidentes das duas instituições defenderam a aprovação do cadastro positivo de bons pagadores, projeto que tramita no Congresso, como uma medida importante para reduzir o spread bancário. O cadastro vai significar juros menores para quem tem um bom histórico de pagamento de suas dívidas.