O procurador-geral do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, disse nesta segunda-feira (16/03) que quer da seguradora americana American International Group (AIG) até o fim do dia uma lista dos funcionários que receberão bônus, para investigar se há casos de fraude. A empresa disse que vai pagar US$ 165 milhões em bonificações a executivos.
A AIG diz que os bônus fazem parte dos contratos dos executivos - incluindo daqueles responsáveis pelas divisões da empresa que estão mais envolvidas na crise em que a empresa se encontra. Como são cláusulas contratuais, a AIG não pode simplesmente suspender o pagamento dos bônus.
Cuomo disse que irá enviar intimações às 16h (17h em Brasília) à empresa se não obtiver os nomes e as informações sobre as funções e os contratos de cada executivo. Ele ainda que detalhes sobre quem criou os planos de bônus. "Acobertar os detalhes desses pagamentos gera ainda mais cinismo e desconfiança em nosso já abalado sistema financeiro", disse Cuomo em uma nota.
A AIG ainda não havia se manifestado sobre o pedido do procurador-geral de Nova York.
O presidente americano, Barack Obama, disse hoje que pedirá ao Departamento do Tesouro para tentar impedir, "por todo meio legal", a seguradora AIG de pagar as bonificações. A empresa já havia recebido US$ 150 bilhões do governo quando foi anunciado um novo pacote de ajuda, no valor de US$ 30 bilhões, no último dia 2 - mesmo dia em que a seguradora apresentou um prejuízo de US$ 61,7 bilhões no quarto trimestre, o maior já registrado por uma empresa americana. No ano passado como um todo, a AIG anunciou uma perda, também recorde, de US$ 99,289 bilhões.
"Nos últimos seis meses, a AIG recebeu somas substanciais do Departamento do Tesouro", disse Obama, que acrescentou que pediu ao secretário do Tesouro, Timothy Geithner, que use esse argumento e "busque todo meio legal para bloquear esses bônus". Obama disse ainda que a AIG é uma empresas "que se encontra em dificuldades financeiras devido à negligência e à ganância".
"Nessas circunstâncias é difícil entender como os operadores de derivativos na AIG tenham conseguido bônus, que dizer então de US$ 165 milhões em pagamento extra", afirmou o presidente. "Como eles justificam esse ultraje frente aos contribuintes que estão mantendo a empresa em pé?" O principal conselheiro econômico do presidente Obama, Lawrence Summers, disse que o pagamento dos bônus aos executivos da AIG é um "escândalo", em uma entrevista à rede americana de televisão ABC, mas acrescentou que os Estados Unidos "são um país de leis, há contratos e o governo não pode revogá-los".