As promoções que sustentaram as vendas do varejo após o Natal devem se tornar mais comuns num ano em que a confiança do consumidor é afetada pela crise. No comércio, os descontos já foram ampliados. Mesmo com a chegada das coleções de inverno, parte do comércio mantém os descontos. "Notei que muitas lojas já receberam estoques novos, mas ainda há anúncios de liquidação na vitrine", diz a analista de marketing Christiane Faro, de 38 anos, que comprou sabonetes importados com 40% de desconto no Morumbi Shopping. Ela foi ao shopping só para trocar uma peça de roupa.
De acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o comércio partiu para a agressividade para compensar a redução do crescimento de vendas em dezembro. Segundo a entidade, de janeiro a novembro de 2008, a taxa de crescimento acumulada dos shoppings era de 12%. Após o resultado de dezembro o crescimento anual ficou em 5,6%. "Grande parte do público que não comprou em dezembro deve ter sido responsável por esse crescimento do movimento no começo do ano", diz o diretor executivo da Abrasce, Luiz Fernando Veiga.
O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti, diz que as liquidações são parte do esforço do comércio para atrair consumidores. "Não se trata de liquidação, mas de uma convocação dos clientes para as compras de mercadorias." Para o economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), Guilherme Dietze, a dificuldade de crédito para fazer girar os estoques é o que motiva as liquidações. "As redes varejistas estão buscando liquidez e provavelmente vão diminuir as margens."