A forte alta das bolsas americanas ajudou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a recuperar terreno após um início de pregão bastante instável. Investidores estavam preocupados com a fraqueza da economia doméstica e pouco reagiram ao corte da taxa básica de juros do país, para 11,25% ao ano. O câmbio fechou a R$ 2,301.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, subiu 0,89% no fechamento, alcançando os 39.151 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,15 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York disparou 3,46%, com boas notícias sobre a General Motors, uma das empresas mais afetadas pela crise financeira global, além do bom desempenho das ações do setor financeiro. "Por aqui, logo pela manhã, houve um pouco de preocupação com a economia brasileira. Já se chegou à conclusão de não fazia o menor sentido aquela idéia de que o impacto da crise mundial no Brasil seria menor. Mas à tarde, como nós estamos sempre a reboque de Wall Street, nós voltamos a subir", comenta Boris Kogan, da mesa de operações da corretora Walpires.
O dólar comercial foi cotado por R$ 2,301, o que significa um decréscimo de 2,12%. A taxa de risco-país marca 443 pontos, número 0,44% abaixo da pontuação anterior.
Profissionais de mercado relataram um forte fluxo de operações na jornada de hoje, acentuando à medida em que a recuperação das Bolsas americanas se tornava mais aguda. "O movimento foi muito grande e muitas empresas de comércio exterior que estavam segurando operações aproveitaram para fechar negócios hoje", comenta Fernando Bergallo, da mesa de operações da corretora Intercam.
Copom e IBGE
Ontem à noite, após o fechamento da Bolsa, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou a nova taxa básica de juros do país, 11,25%, número 1,5 ponto percentual abaixo da taxa anterior. O corte veio em linha com as previsões de vários economistas do setor financeiro, o que pode explicar o baixo impacto da medida sobre os negócios de hoje.
Ainda no front doméstico, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o nível de emprego do setor industrial sofreu retração de 1,3% em janeiro. Em um período de 12 meses, a retração foi de 1,6%. E a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) levantou que a indústria paulista promoveu o corte de 43 mil vagas em fevereiro.
O nível de emprego no setor recuou 1,8%, a quinta retração consecutiva. Economistas têm revisado suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB), principalmente após os números mais recentes divulgados pelo IBGE, que mostraram uma deterioração pior do que a esperada. Enquanto o último boletim Focus, do Banco Central, aponta um crescimento de 1,2%, na mediana das estimativas, as áreas de análise econômica de alguns corretoras e bancos já falam em crescimento zero ou mesmo negativo. EUA.
Notícias do dia
Um dos destaques do dia, a General Motors comunicou que não vai demandar, inicialmente, a ajuda federal de US$ 2 bilhões solicitada para o mês de março, sob o argumento de que o corte de custos foi mais rápido que o previsto. Por ser uma das grandes empresas mais fortemente avariadas pela crise econômica, a notícia trouxe novo ânimo para os investidores.
Entre outras notícias, o Departamento de Comércio dos EUA revelou que as vendas do setor varejista tiveram queda de 0,1% em janeiro, um número mais ameno do que o previsto por muitos analistas do setor financeiro (0,5%). Ainda nos EUA, o Departamento de Trabalho informou que a demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego atingiu a cifra dos 5,3 milhões de pedidos, a maior da série histórica, iniciada em 1967.