Três em cada 10 reclamações feitas pelos brasileiros nos Procons em 2008 foram referentes à prestação de serviço de telefonia, fixa e móvel, e da qualidade dos aparelhos celulares. O resultado já era verificado em levantamentos estaduais há alguns anos, mas, pela primeira vez, uma reunião de informações nacionais confirmou que as empresas de telefonia são mesmo as vilãs do atendimento ao consumidor, segundo divulgou ontem o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça. O Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec), que reúne dados de 24 estados e do Distrito Federal, registrou 724.416 reclamações feitas pela população em 2008. Dessas, 78,2 mil, ou 10,8%, são referentes à não solução de problemas com as operadoras de telefonia móvel. Outras 8,4% dizem respeito a problemas com as fabricantes dos celulares e 10,3% às companhias de telefonia fixa.
Como justificativa para liderar o ranking, as operadoras de celular costumam alegar que a base de clientes é elevada, por isso têm mais margem para enfrentar problemas. Atualmente, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), são mais de 151 milhões de aparelhos celulares ativos em todo o paÃs. O diretor do DPDC, Ricardo Morishita (foto), critica o argumento. ;Elas de fato têm uma base de clientes grande, mas, de todas as compras realizadas pelo cidadão e que poderia gerar reclamação, a que ele mais reclama é referente a celular. Os Procons atendem de problemas de agulha a avião e é preocupante que o número de reclamantes de celulares seja tão grande;, afirma.
As reclamações referentes a cartões de crédito também foram elevadas. Do total, 11,1% se referem ao produto, mais que as feitas sobre os bancos comerciais (7,7%) e financeiras (4,9%). Por meio de nota, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) informou que entrou em vigor a partir deste ano o Código de Ética e Auto-regulação da Abecs, regulamento que funciona como um guia de conduta e que poderá ajudar no aprimoramento da qualidade dos serviços prestados. O principal problema enfrentado pelo consumidor é o de cobrança indevida (25,3%), seguido por problemas nos contratos (10,2%), na garantia (10%) e por dúvida sobre cobrança, valor e reajuste (4,1%).
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