Jornal Correio Braziliense

Economia

Copom e mercados mundiais fazem Bovespa ter forte alta de 5,59%

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A disparada das bolsas americanas e o "otimismo" dos investidores quanto ao resultado da reunião Comitê de Política Monetária (Copom) - que será divulgado nesta quarta (11/03) - ajudaram a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a subir com força e zerar as perdas deste ano. A contração do Produto Interno Bruto (PIB) somente reforçou as apostas de que o Comitê será forçado a rebaixar ainda mais a taxa básica de juros do país, o que em geral favorece investimentos em Bolsa de Valores. O câmbio desceu para R$ 2,34 e quase anulou a alta acumulada no mês. O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, disparou 5,59% no fechamento e alcançou os 38.794 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,42 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em forte alta de 5,80%, enquanto a Bolsa eletrônica Nasdaq valorizou 7,06%. O dólar comercial foi vendido por R$ 2,349, o que significa uma queda de 1,30% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 437 pontos, número 3,53% abaixo da pontuação anterior. Recuo no PIB O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou hoje que o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 3,6% entre o quarto e o terceiro trimestre do ano passado, uma contração que surpreendeu mesmo os analistas mais pessimistas. O desastre do PIB, no entanto, estimulou o mercado a aumentar as "apostas para a reunião do Copom de amanhã: em vez de um ponto percentual, como era consenso até semana passada, as projeções para para 1,5 ponto. A deflação de 0,13% vista na primeira quadrissemana de março, registrada pelo IPC da Fipe-USP, também ajudou a mudar o cenário dos especialistas. O economista Elson Teles, da corretora Concórdia, foi um dos que modificaram seu cenário para o Copom, e também já trabalha com um corte de 1,5 ponto percentual. "Os resultados do PIB do quarto trimestre e da produção industrial de janeiro, bem abaixo do esperado, tiveram papel fundamental para a alteração do nosso cenário", afirma. Para Teles, a contração no trimestre final de 2008 afeta inclusive as projeções do mercado para o PIB de 2009, que apontam para um crescimento de somente 1,2%. "A situação pode piorar ainda mais se levarmos em conta que há boas chances de o efeito se ampliar com a confirmação de um novo recuo do PIB no primeiro trimestre", acrescenta, em relatório distribuído nesta terça-feira. O próprio ministro Guido Mantega (Fazenda) admitiu hoje que sua "projeção" de 4% para o crescimento do país neste ano será "difícil" de ser atingida. "Os mais pessimistas falam em crescimento de 1% a 1,5% para o PIB da economia em 2009. Acredito que podemos ter mais que isso", disse Mantega. Recessão global O mercado global teria todos os motivos hoje para registrar um dia de perdas amargas, com algumas das principais autoridades econômicas do planeta descrevendo um cenário de dificuldades para os próximos meses. Foi "salvo", no entanto, por uma notícia surpreendendo vinda do Citigroup, um dos bancos americanos mais afetados pela crise financeira global, que Vazou para o mercado a informação de que a instituição financeira conseguiu apurar lucro no primeiro bimestre. A diretoria do grupo informou, ainda em caráter preliminar, que o resultado operacional bateu a casa dos US$ 8,3 bilhões no período, o melhor desempenho desde o terceiro trimestre de 2007. A notícia gerou uma valorização em massa das ações do setor financeiro, tanto nos EUA quanto no Brasil. Na Bovespa, a ação preferencial do Bradesco subiu 5,57%; a ação do Itaú, 6,23%, enquanto a ação ordinária do Banco do Brasil teve forte ganho de 4,08%. A "unit" (recibo de ações) do Unibanco subiu 6,18%. O "fator Citigroup" contribuiu para sobrepujar outras notícias que fatalmente não cairiam bem para o mercado, principalmente num dia esvaziado de indicadores econômicos mais importantes. Na Europa, o Reino Unido registrou uma queda de 12,8% da produção industrial em janeiro, a pior retração desde 1981. E o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, admitiu hoje que, pela primeira vez em décadas, a economia mundial pode encolher. "A deterioração contínua do contexto financeiro mundial, associado a uma queda da confiança dos lares e dos meios empresariais, sufoca a demanda interna em todo o mundo", afirmou ele.