As contas nacionais do ano passado aprofundaram a necessidade de financiamento da economia brasileira. Entre a renda nacional bruta, poupança bruta, despesa de consumo final e formação bruta de capital fixo, o saldo foi negativo em R$ 57,1 bilhões no ano passado, contra necessidade de R$ 5,5 bilhões no ano anterior, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo Cláudia Dionísio, da Coordenação de Contas Anuais do IBGE, parte da diferença entre a necessidade de financiamento registrada em 2008 para a do ano anterior é decorrência do aumento do envio de lucros e dividendos ao exterior.
De 2003 até 2006, o Brasil teve capacidade de financiamento positiva, tendência que foi revertida em 2007 e a queda foi intensificada no ano passado. Do resultado total do PIB, de R$ 2,889 trilhões, devem-se retirar as rendas de propriedade recebidas menos as enviadas a outros países, que foram negativas em R$ 72,8 bilhões.
As transferências correntes recebidas menos as envidadas foram positivas em R$ 7,9 bilhões. Retirando-se ainda do PIB uma despesa de consumo final de R$ 2,337 bilhões e uma formação bruta de capital de R$ 547,1 bilhões, o resultado fica negativo, com necessidade de financiamento exterior.
O saldo externo de bens e serviços também registrou forte queda, apesar de continuar positivo. O saldo passou de R$ 40 bilhões em 2007 para R$ 4,8 bilhões no ano passado.
A renda líquida de propriedade enviada ao resto do mundo apresentou aumento de R$ 17,1 bilhões, totalizando R$ 72,8 bilhões no ano passado. A diferença em relação a 2007 é resultado de uma remessa líquida de lucros e dividendos maior em R$ 18 bilhões no ano passado, e de uma redução de pagamento de juros de R$ 900 milhões.