As ações brasileiras desvalorizaram pelo terceiro pregão consecutivo, sem que o mercado doméstico consiga resistir à preocupação com a economia global. Em uma semana carregada de indicadores importantes, tanto aqui quantos nos EUA, os investidores optaram pela cautela. As ações da Petrobras, no entanto, evitaram uma retração ainda maior do índice da Bolsa brasileira. Enquanto as bolsas americanas caíram, o câmbio bateu R$ 2,38.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, recuou 0,98%, descendo para os 36.741 pontos. O giro financeiro foi de R$ 2,75 bilhões, bem abaixo da média deste ano (R$ 3,84 bilhões/ano). Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em queda de 1,21%.
Em um dia morno, as ações preferenciais da Petrobras responderam sozinhas por quase 30% do giro total da Bolsa. O papel valorizou 0,11%, dois dias após a estatal ter divulgado lucro líquido recorde de R$ 33,915 bilhões relativo a 2008, alta de 58% sobre 2007. No quarto trimestre, a empresa apurou ganho de R$ 7,355 bilhões, alta de 46% na mesma base de comparação.
Analistas do setor financeiro projetavam um lucro entre R$ 7,5 bilhões e R$ 8 bilhões para o trimestre final do ano passado, e se surpreenderam com o impacto da queda dos preços do petróleo nos resultados. Por outro lado, profissionais do mercado também destacaram o plano de investimentos para os próximos anos, que deve "preparar a companhia para um ciclo pós crise bastante promissor, incorporando inclusive as novas reservas dos campos de pré-sal", conforme anota o analista Lucas Bendler, em relatório preliminar da corretora Geração Futuro sobre o balanço da Petrobras.
Para Bendler, "a recuperação da demanda e dos padrões mundiais de consumo devem trazer impacto positivo para os produtos da Petrobras".
O dólar comercial foi vendido por R$ 2,380, em alta de 0,21%. A taxa de risco-país marca 451 pontos, número 0,22% acima da pontuação anterior.
Empresas
Entre as principais notícias do dia, os grupos farmacêuticos americanos Merck e Schering-Plough anunciaram hoje que chegaram a um acordo para a fusão das duas empresas, em uma transação avaliada em US$ 41,1 bilhões. A operação ainda está sujeita à avaliação das autoridades reguladoras americanas.
O setor corporativo é uma das principais fontes de preocupação do mercado, em meio à luta de algumas das maiores corporações do planeta para sobreviver.
No final de semana, algumas lideranças americanas já sinalizaram o desgaste político de injetar recursos públicos para salvar empresas, a exemplo do ex-candidato à Presidência dos EUA, o senador John McCain. Ele defendeu a ideia de que o governo do presidente Barack Obama deveria permitir que alguns dos grandes bancos americanos e a montadora General Motors declarassem falência.
Front doméstico
No front doméstico, o boletim Focus revelou que a maioria dos economistas do setor financeiro revisou para baixo as projeções de inflação deste ano, de 4,66% para 4,57% (IPCA).
Já para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana, profissionais de bancos e corretoras esperam um ajuste da taxa Selic de 12,75% para 11,75%.
Alguns profissionais do mercado, no entanto, já esperam um corte ainda maior, de 1,5 ponto percentual, principalmente após a divulgação da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a produção industrial de janeiro. O levantamento mostrou uma recuperação muito modesta (2,3%), frente aos três meses de contração já registrados. AFundação Getúlio Vargas (FGV) registrou deflação de 0,13% em fevereiro de acordo com o IGP-DI. Em janeiro, o mesmo índice de preços havia apontado leve alta de 0,01%.