O governo britânico apresentou nesta quinta-feira (26/02) um plano de garantias dos ativos bancários podres (de difícil pagamento), que ajudará os fragilizados Royal Bank of Scotland (RBS) e Lloyds Banking Group (LBG) com quantias colossais para assegurar a liquidez.
O RBS, que acaba de anunciar o maior prejuízo da história de uma empresa britânica (24,1 bilhões de libras, cerca de US$ 34 bilhões), estreou o "plano de proteção de ativos", por meio do qual o Estado cobre o essencial das perdas geradas pelos ativos de risco dos bancos.
O Estado garantirá pelo menos 325 bilhões de libras de ativos podres. Cobrirá 90% das perdas geradas por estas ações, além de uma franquia de 19 bilhões.
As condições do plano são ainda mais generosas do que a imprensa especulava: o Estado vai cobrar do RBS apenas 2% do valor dos ativos garantidos, ou seja, 6,5 bilhões de libras, que o banco pagará em forma de ações especiais, o que no final das contas não deve custar nada em dinheiro à instituição.
Além disso, o Tesouro injetará mais liquidez no RBS: uma primeira parcela de 13 bilhões de libras, com um eventual complemento de seus bilhões, enquanto o banco se compromete a aumentar os empréstimos no Reino Unido. No total, o Estado vai despejar até 25,5 bilhões de libras de capital novo no RBS.
O banco já recebeu 20 bilhões de libras do Estado em planos de resgate anteriores. O governo possui atualmente cerca de 70% do capital do RBS.
Em tese, as novas ajudas elevariam a participação do Estado a até 95% do capital, segundo o diretor geral do RBS, Stephen Hester.
No entanto, para evitar uma nacionalização quase completa, algo que o governo se recusa a admitir, o Estado estabeleceu que os novos capitais sejam desembolsados em forma de ações sem direito a voto, para que sua participação não supere juridicamente 75% do capital.
As condições foram bem recebidas na Bolsa, com os títulos do banco em alta de até 40%.
O Lloyds Banking Group (43% nas mãos do Estado) confirmou que negocia com o Tesouro sua participação no plano, mas não é certo que se beneficie das mesmas condições que o RBS.
O LBG pode anunciar um acordo sobre o tema na sexta-feira, dia em que apresentará os resultados anuais. A imprensa afirma que pedirá garantias para centenas de bilhões de libras de ativos podres.
O Barclays (que até o momento não recorreu ao Estado para uma recapitalização) também pode recorrer à garantia governamental.
O Tesouro anunciou que os bancos têm prazo até março para aderir ao regime, que está entre as principais medidas do último plano de resgate bancário anunciado em janeiro.
O ministro das Finanças, Alistair Darling, estimulou os bancos a aderir e disse que o plano é um "ponto de partida essencial" para acabar com os riscos excessivos do passado e reativar o mercado de crédito, mas reconheceu que "isto não acontecerá de um dia para o outro".