A crise econômica mundial impactou fortemente a balança comercial da Argentina em janeiro, que registrou queda de 27% no superávit em relação ao mesmo período de 2008. A diferença entre exportações e importações foi positiva em US$ 971 milhões, ante US$ 1,3 bilhão em janeiro do ano passado.
Os dados do Indec (o IBGE argentino) também confirmaram o que as estatísticas brasileiras haviam apontado: houve contração no comércio bilateral - baixa de 51% nas exportações e de 54% nas importações argentinas de produtos brasileiros.
A queda ocorre em meio a um momento tenso na relação entre os dois países.
O Brasil critica a Argentina, que estaria bloqueando importações com demora na concessão de licenças não-automáticas e ampliação de preços mínimos e de processos antidumping.
Os argentinos reclamam do desequilíbrio comercial entre os países - a balança foi favorável ao Brasil em US$ 5 bilhões em 2008 e continua assim há 70 meses.
Recuo
O recuo na demanda afetou as exportações, principal motor da economia argentina. O país embarcou US$ 3,73 bilhões em janeiro, 36% menos na comparação interanual - a maior desde o início da série, em 1999. A queda foi de 6% em novembro e de 24% em dezembro.
Segundo Mariano Lamothe, economista-chefe da consultoria Abeceb, as maiores quedas se deram em produtos primários (56%), por menores quantidades de trigo e cobre, e de combustíveis e energia (35%), sobretudo por menores preços.
Lamothe também destacou o Mercosul ter perdido para a União Europeia o posto de principal destino das exportações argentinas em janeiro. As vendas ao bloco regional caíram 51%, principalmente por menores envios de trigo e de veículos ao Brasil. Ficaram em US$ 723 milhões, ante US$ 732 milhões para o bloco europeu, que registrou contração menor no período, de 28%.