O presidente da Embraer, Frederico Curado, descartou nesta quarta-feira reverter as 4,2 mil demissões anunciadas pela empresa na semana passada. Curado se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com ministros.
Na reunião, a empresa apresentou números mostrando que houve uma redução de 30% nas encomendas de aviões e que a demanda só deverá voltar ao patamar pré-crise em dois a três anos. Ele disse ainda que só depois que as encomendas se normalizarem a empresa poderá voltar a contratar.
"O que causou as demissões está fora do Brasil, de onde vem mais de 90% das nossas encomendas. O restabelecimento das contratações será quando o mercado internacional se recuperar. Não é viável neste momento uma retomada das encomendas", afirmou.
Sem novas demissões
Curado disse que não estão nos planos da empresa novas demissões. Ele ouviu do presidente um apelo para que a Embraer faça algo para minimizar os problemas que os demitidos enfrentarão. Ele disse que a empresa estudará ações nos moldes da anunciada na semana passada, quando a empresa se comprometeu a pagar o plano de saúde dos demitidos e de seus familiares por um ano.
Segundo o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento), o presidente nem chegou a pedir para que a Embraer recontratasse os demitidos porque entendeu que o problema da empresa é relacionado à demanda internacional. Jorge e Curado negaram que Lula tenha sido informado previamente das demissões.
"Não houve uma discussão prévia com o governo", disse o empresário.
Jorge disse que o governo não deverá oferecer novas linhas de financiamento à Embraer porque o problema não é a falta de dinheiro, e sim de compradores. Ele disse ainda que o governo não deverá tomar nenhum tipo de medida para beneficiar os demitidos da Embraer.
"O governo não tem o que fazer. Não pode fazer diferentemente com essas pessoas do que foi feito com outros dispensados", completou.