O leilão das obras de arte de Yves Saint Laurent e Pierre Bergé ignorou a crise mundial e bateu o recorde de venda de uma coleção privada, somando 206 milhões de euros (261 milhões de dólares) apenas no primeiro dos três dias de pregão, constatou a AFP.
Até o momento, o recorde de venda para uma coleção privada era de 207 milhões de dólares (163 milhões de euros), pelas obras de arte reunidas por Victor e Sally Ganz, leiloadas em 1997, em Nova York.
Um quadro de Henri Matisse foi arrematado por 32 milhões de euros (cerca de 41 milhões de dólares), o que constitui um valor recorde para o pintor francês.
O quadro "Les coucous, tapis bleu et rose" estava avaliado em entre 12 e 18 milhões de euros pela casa de leilões Christie's, que organiza a venda de três dias da coleção do célebre estilista e seu companheiro, o empresário Pierre Bergé.
O recorde precedente para uma obra de Matisse remontava a 2007, com 33,6 milhões de dólares, em Nova York.
A escultura de Constantin Brancusi "Madame L.R." foi vendida por 29 milhões de euros (36,8 milhões de dólares), um recorde para este artista romeno do século XX.
Outro recorde, para uma obra de Piet Mondrian, foi quebrado por "Composição em azul, vermelho, amarelo e preto", que obteve 19,2 milhões de euros.
Recorde também para James Ensor ("Le désespoir de Pierrot"), com 4,4 milhões de euros.
Já uma das estrelas da coleção, um Picasso cubista de 1914 ("Instruments de musique sur un guéridon"), não obteve comprador, com o maior lance em 21 milhões de euros, quatro milhões abaixo do preço mínimo fixado.
O primeiro lote, uma paisagem italiana de Edgar Degas avaliada em entre 300 mil e 400 mil euros, foi arrematado por telefone por 380 mil euros.
Entre os 1.200 participantes do leilão estão celebridades como Bianca Jagger, o visconde Linley (filho da princesa Margareth da Inglaterra), Thadée Klossowski (filho do pintor Balthus), o ex-ministro francês Roland Dumas e Betty Catroux, musa de Yves Saint Laurent.
O leilão, organizado pela Christie's em colaboração com a Pierre Bergé & Associados, prosseguirá até quarta-feira. As vendas serão organizadas por turnos: arte impressionista e moderna hoje, e pinturas e desenhos antigos e do século XIX, assim como artes decorativas na terça-feira.
Na quarta-feira serão leiloadas as obras de arte da Ásia, incluindo dois polêmicos bronzes exigidos pela China. As duas peças, que representam uma cabeça de rato e uma cabeça de coelho, são provenientes do saque do Antigo Palácio de Verão de Pequim, em 1860.
O dinheiro da venda, explicou Pierre Bergé (empresário e ex-companheiro do estilista), irá para a Fundação Bergé-Saint Laurent e para as pesquisas médicas na luta contra a Aids.