Buenos Aires, Argentina (FolhaNews) - A Argentina admitiu ter urgência para estabelecer um acordo com o Brasil, seu principal parceiro comercial, com o objetivo de reduzir o persistente déficit no comércio bilateral, de acordo com declarações feitas neste domingo (22) por um dos principais negociadores do governo da presidente Cristina Kirchner.
"Devemos trabalhar de forma urgente, porque precisamos de algum tipo de entendimento dentro do prazo mais breve possível", afirmou o secretário do Comércio e Relações Econômicas Internacionais Alfredo Chiaradía, à agência local Notícias Argentinas.
A negociação teve início com o questionamento brasileiro em relação a algumas medidas do governo argentino, que considerou restritivas a seus produtos. Segundo Chiaradía, a discussão deve avançar o suficiente até a cúpula entre Kirchner e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, marcada para o dia 20 de março, em São Paulo.
As negociações tiveram início na última terça-feira, em Brasília, em uma reunião entre delegações dos dois países, coordenadas pelos chanceleres Jorge Taiana, da Argentina, e Celso Amorim, do Brasil, que criaram um grupo de trabalho para estudar a situação em cada setor da produção.
Chiaradía informou que a primeira reunião do grupo de trabalho será no dia 4 de março, em Buenos Aires. Para ele, os dois países chegarão ao encontro com perspectivas e estratégias diferentes, já que o Brasil goza de um amplo superávit, enquanto a Argentina se encontra "em uma situação de insatisfação que deseja mudar".
"O espirito da reunião será encontrar uma maneira de sair da atual situação com o menor impacto negativo possível para os dois parceiros", ponderou o secretário, que presidirá a reunião ao lado do vice-chanceler brasileiro, Samuel Pinheiro Guimarães.
Chiaradía declarou que o ideal seria que a Argentina aumentasse suas exportações para o Brasil, para equilibrar a balança. "Mas não estamos em um universo ideal, já que a situação se caracteriza por uma importante queda da demanda e da capacidade de financiamento do comércio", reconheceu.