Estados Unidos e China deixaram de lado o sensível tema dos direitos humanos no gigante asiático para defender um esforço comum na luta contra a crise econômica e as mudanças climáticas, durante a visita neste sábado (21/02) a Pequim da secretária de Estado, Hillary Clinton.
Clinton, que concluirá sua visita no domingo (22/02), destacou em suas reuniões com os dirigentes chineses, entre eles o presidente Hu Jintao, a necessidade de estreita cooperação entre a primeira e a terceira maiores economias do mundo.
Após seu encontro neste sábado (21/02), Hillary e o chefe da diplomacia chinesa, Yang Jiechi, indicaram que ambos os países começaram a preparar a reunião do G20 em Londres no dia 2 de abril, cujo objetivo é encontrar uma resposta mundial para a crise econômica.
As duas autoridades pretendem se reunir no próximo mês nos Estados Unidos para coordenar suas posições na cúpula, que também será a oportunidade para os presidentes norte-americano, Barack Obama, e chinês, Hu Jintao, se reunirem pela primeira vez.
Ao receber Hillary, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao insistiu na necessidade de cooperação.
"Em um momento em que o mundo sofre as graves consequências da crise financeira, apreciei muito um provérbio (chinês) que você citou: 'Todos os países deveriam atravessar o rio pacificamente, porque estão todos no mesmo barco'", disse Wen, citado pela agência oficial Nova China.
Nas últimas semanas, Pequim se mostrou preocupado ante algumas medidas protecionistas previstas no plano de estímulo norte-americano.
Mas Yang Jiechi afirmou, após conversar com Hillary, que ambos concordaram em "rechaçar o protecionismo no comércio e nos investimentos".
Segundo Hillary, a China indicou também que continua confiando nos bônus do Tesouro americano, que estão, em grande parte, nas mãos de Pequim.
Em relação às mudanças climáticas, Hillary Clinton considerou que ambos os países, os dois maiores poluidores do planeta, têm um "interesse comum" em obter um novo acordo mundial sobre a redução das emissões de gases do efeito estufa, em dezembro em Copenhague.
Neste sábado à tarde, acompanhada de seu emissário especial para mudanças climáticas, Todd Stern, a secretária de Estado visitou em Pequim uma central elétrica da companhia norte-americana General Electric, que funciona com gás natural. "Esta central pode ser um modelo", declarou.
No entanto, mostrou-se mais discreta na questão dos Direitos Humanos.
Antes de deixar Seul para viajar a Pequim na sexta-feira, Hillary advertiu que não queria que essa questão espinhosa dificultasse as conversas sobre outros assuntos como a crise ou as mudanças climáticas.
Mas neste sábado, ativistas e organizações chinesas de defesa dos Direitos Humanos denunciaram tentativas de intimidação por parte de Polícia para que não protestassem durante a visita da secretária de Estado a Pequim.
"Estou agora mesmo em prisão domiciliar porque Hillary Clinton veio", disse à AFP Zeng Jinyan, dissidente e esposa de Hu Jia, prêmio Sakharov 2008 do Parlamento Europeu e que cumpre uma pena de três anos e meio de prisão por tentativa de subversão.
Hillary disse neste sábado, depois de se reunir com o chanceler chinês, que teve "conversas francas" sobre Direitos Humanos. Yang Jiechi considerou inevitáveis as divergências.
"Lembrei o compromisso do governo chinês de manter o diálogo com os Estados Unidos sobre uma com base de igualdade e de não de ingerência nos assuntos internos", declarou o ministro.