O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (17/02) que as barreiras contra importações instituídas pelo governo no início do ano tiveram como objetivo criar dificuldades para a entrada de produtos argentinos no país.
No final de janeiro, o governo aumentou a lista dos produtos que precisavam de uma autorização especial para entrada no país. Três dias depois, diante de reclamações de importadores brasileiros, o governo voltou atrás e retirou a barreira.
Lula afirmou que o governo recuou por ser contra a adoção de medidas protecionistas para evitar o aumento do déficit comercial do país durante a crise, provocado pela queda nas exportações.
"Por isso, é que tomei a atitude, voltando atrás em uma medida que tinha sido tomada pelo Ministério do Desenvolvimento e pelo Ministério da Fazenda de criar uma certa dificuldade para os produtos argentinos. Voltei atrás com a convicção de que eu prefiro uma reunião para solucionar divergências entre Brasil e Argentina", afirmou Lula.
'Parceiros'
Hoje, ministros dos dois países estão reunidos para discutir a adoção de barreiras da Argentina contra as exportações brasileiras. Ao chegar à reunião, o ministro do Desenvolvimento e Comércio Exterior, Miguel Jorge, afirmou que não há crise comercial entre os dois países e que a relação é de bons parceiros, "sem caneladas", ao contrário do que acontece no futebol.
Queda
Apenas em janeiro, as exportações brasileiras à Argentina caíram 51% em relação ao mesmo período de 2008, atingindo US$ 641 milhões. Já as importações brasileiras de produtos argentinos tiveram queda de 46% na comparação interanual, para US$ 608 milhões.
Desde o início do ano, o governo argentino já adotou uma série de medidas comercial contra o Brasil. Abriu uma investigação sobre a importação de multiprocessadores de alimentos do Brasil e da China; adotou licenças não-automáticas para importação de pneus - produto do qual o Brasil é o principal fornecedor--; e passou a controlar as compras externas de produtos da cadeia do alumínio.
O Brasil também é alvo de reclamações de protecionismo pela medida tomada em janeiro e revogada por ordem do presidente Lula.