Jornal Correio Braziliense

Economia

G7 rejeita protecionismo e defende reforma do sistema financeiro

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Os ministros das Finanças do G7 estabeleceram neste sábado em Roma como "maior prioridade" do grupo a estabilização da economia e dos mercados financeiros, ao mesmo tempo que se comprometeram a lutar contra o protecionismo e a favor de uma reforma do sistema financeiro mundial. Também se comprometeram a estimular "novas regras" para obter um "nova ordem econômica mundial", anunciou o ministro da Economia e Finanças da Itália, Giulio Tremonti. Um documento divulgado ao fim de uma reunião celebrada na capital italiana, os ministros da Economia e Finanças dos sete países mais ricos do planeta (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Grã-Bretanha, França, Itália, Canadá) se comprometeram a "evitar medidas protecionistas". "Tais medidas só poderiam piorar a lenta marcha da economia", afirma o comunicado. Os ministros reconheceram que "a estabilização da economia mundial e dos mercados financeiros continua sendo nossa maior prioridade" e consideram que "é necessária uma reforma urgente do sistema financeiro internacional", em consequência das "profundas fragilidades" detectadas na atual crise. "Adotamos medidas coletivas excepcionais para responder ao desafio e reiteramos nosso compromisso de atuar juntos utilizando uma série de instrumentos políticos para apoiar o crescimento, o emprego e reforçar o setor financeiro", acrescenta o texto. Os ministros das Finanças do G7 se comprometeram a não ceder ao protecionismo, sobretudo depois das críticas à polêmica claúsula "Buy American" (Compre Produtos feitos na América) introduzida no plano para estimular a economia dos Estados Unidos e às medidas a favor do setor automobilístico anunciadas pela França. "O G7 se empenha para evitar medidas protecionistas, assim como a suspender novas barreiras", completa o documento final. Sobre a idéia de nova ordem econômica, o ministro italiano Tremonti declarou: "Acredito que o ponto fundamental da reunião foi o compromisso decidido a favor de novas regras para alcançar uma nova ordem econômica, que seja coerente com a estrutura do capitalismo e do mercado global". Normas para transparência Os ministros do G7 deverão elaborar nos próximos quatro meses um projeto de normas e princípios sobre a transparência das atividades econômicas e financeiras. Ele explicou que o pacote de novas regras, batizado na Itália como "padrão ético", deve servir de modelo a todos os países para que a ética tenha um papel chave na transparência das finanças, com a eliminação dos fundos especulativos e dos paraísos fiscais. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Tim Geithner, afirmou que o país trabalhará com o G7 e o G20 para encontrar um consenso sobre as reformas que devem ser adotadas diante da crise econômica. A idéia do padrão ético" será examinada na reunião de chefes de Estado e de Governo do G20, que reúne as potências desenvolvidas e em desenvolvimento, incluindo o Brasil, no dia 2 de abril en Londres, assim como na reunião de cúpula do G8 em julho na ilha italiana de Magdalena. Tremonti desmentiu ainda que algumas nações tenham adotado medidas protecionistas. "Acredito que até agora não foram utilizadas no mundo medidas que indiquem tendências perigosas", disse. Já para o diretor geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), o francês Dominique Strauss-Kahn, o principal problema atualmente é a reestruturação dos bancos. Strauss-Khan considerou que a criação de uma estrutura para absorver os ativos desvalorizados é "a solução mais simples". Os ministros das maiores potências desenvolvidas do mundo também elogiaram as medidas adotadas pelas autoridades chinesas, entre elas o favorecimento das taxas de câmbio flexíveis para sua moeda (yuan), o que permite "um crescimento mais equilibrado na China e no mundo".