O Senado dos Estados Unidos aprovou na noite desta quarta-feira (4/02) a medida que libera incentivos de até US$ 15 mil para compradores de imóveis em uma tentativa de estimular o setor imobiliário. O projeto faz parte do pacote bilionário proposto pela administração do presidente Barack Obama para restaurar a economia do país.
Quando foi aprovado pela Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados), o valor do pacote era de US$ 819 bilhões. Agora, com novas medidas propostas por senadores, o plano pode passar de US$ 900 bilhões.
A medida de redução de impostos para imóveis foi aprovada sem qualquer discórdia entre democratas e republicanos no Senado. Mais cedo, Obama havia criticado a oposição por considerar os planos do governo caros demais e sugerir cortes no pacote bilionário.
"Não vamos fazer da perfeição o inimigo do essencial", afirmou Obama, que ainda alertou que a demora em aprovar a medida "pode tornar a crise uma catástrofe e garantir a longevidade da recessão".
Os líderes democratas afirmaram que terão o projeto de lei pronto para a assinatura de Obama já no fim da próxima semana.
O projeto do senador republicano Johnny Isakson propõe um incentivo fiscal de até US$ 15 mil (ou até 10% dos valor do imóvel) para quem comprar uma casa neste ano. Pelas contas do senador, a medida deve custar até US$ 19 bilhões para o governo.
As leis atuais preveem incentivos de até US$ 7.500 em cortes de impostos para quem compra a primeira casa.
Buy American
Outra medida polêmica do plano de estímulo foi votada no Senado. Os senadores aprovaram, com acréscimos, a cláusula conhecida como "Buy American" ("Compre Produtos Americanos", em tradução livre), pela qual os projetos de infraestrutura que serão financiados com o dinheiro do pacote só poderão utilizar ferro, aço e manufaturados produzidos nos Estados Unidos.
Sob críticas de Obama e dos parceiros comerciais dos EUA --como a Europa e o Brasil-- a medida foi amenizada: os senadores aprovaram o acréscimo de um tópico que prevê o incentivo ao consumo de produtos americanos, desde que "os acordos comerciais internacionais não sejam violados".
Mais cedo, Obama havia declarado que poderia descartar a cláusula para retirar do pacote itens que "possam não estimular de fato a economia no momento". Para ele, seria um erro a presença de uma medida protecionista no plano de estímulo.
Na manhã de ontem, a senadora democrata Barbara Mikulski conseguiu que fosse aprovada uma proposta de desconto de impostos a quem comprar um carro novo. O corte deve custar ao governo US$ 11 bilhões - os compradores de carro podem economizar, assim, entre US$ 1.500 na compra de um carro de US$ 25 mil.
"Assim como precisamos ver o mercado imobiliário se recuperar, precisamos ver o mercado automobilístico andando", disse a senadora democrata Debbie Stabenow à AP.
Outros congressistas democratas vêm estudando, com a orientação de lideranças do partido, cortes de até US$ 50 bilhões no pacote em determinados projetos de gastos públicos, na tentativa de obter apoio dos republicanos. Na semana passada, o pacote foi aprovado na Câmara sem um único voto republicano.