A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu em alta e chegou a disparar 4% no pico dia, mas perdeu força nas últimas horas de negócios. Os investidores oscilaram entre uma "euforia" com alguns números da economia americana, e o temor sobre o pacote anticrise dos EUA, que pode ser votado ainda hoje no Senado local. O câmbio chegou a R$ 2,28, em sua menor cotação do dia, mas voltou para R$ 2,30 no final do expediente.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, subiu 0,96% no fechamento, atingindo os 40.129 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,58 bilhões, bem acima da média de janeiro (R$ 3,6 bilhões/dia). Nos EUA, a Bolsa de Nova York recua 1,39%.
A ação preferencial da Vale do Rio Doce "rebocou" a Bolsa brasileira, movimentando mais de R$ 1 bilhão. O preço do papel chegou a disparar 7% no pico do dia, valorizando 3,62% no encerramento do pregão à vista.
"O mercado ficou realmente eufórico com alguns indicadores econômicos dos EUA, e da China. Só que a tarde os investidores começaram a pensar melhor, principalmente sobre o pacote do Obama (presidente dos EUA), e se realmente vai trazer alguma ajuda para o sistema financeiro, principalmente para o Bank of America", comenta Rodrigo Silveira, gerente de operações da corretora e.um, "home broker" da corretora Umuarama.
"Se o pacote não tiver alguma ajuda oficial para os bancos, o quadro pode ficar muito complicado. E nós poderemos ver até algum efeito manada negativo [vendas maciças de ações] em cima dos papéis do setor bancário", acrescenta.
Economistas viram com desconfiança o "otimismo" dos investidores com os primeiros números da economia que contrariaram as expectativas negativas de bancos e corretoras. E citam pelo menos dois fortes argumentos para manter o tom de cautela nos negócios: primeiro, os bancos americanos continuam em situação bastante problemática; segundo, o alto custo dos pacotes fiscais dos governos americanos e europeus, que em algum momento terão que ser pagos.
O dólar comercial foi vendido por R$ 2,308, em declínio de 0,56%. A taxa de risco-país marca 418 pontos, número 1,70%, acima da pontuação anterior.
Dados ajudaram
Os números da consultoria americana ADP trouxeram algum alívio nos EUA, sinalizando um mercado de trabalho menos deteriorado do que o esperado. Segundo a consultoria, houve a perda de 522 mil empregos somente no setor privado em janeiro, quando as projeções do setor financeiro apontavam para um número acima de 530 mil. Os números da ADP são interpretados como uma prévia dos números oficiais sobre emprego, que devem ser divulgados na sexta-feira.
Outra entidade privada também ajudou a melhorar o humor dos investidores - o Instituto de Gestão de Oferta, na sigla em inglês (ISM), que divulgou seu indicador que reflete o nível de atividade do setor de serviços. O índice ISM teve uma leitura de 42,9 pontos em janeiro ante 40,6 em dezembro.
O mercado esperava um descenso do indicador para 39 pontos. Entre outras notícias, a mineradora anglo-australiana BHP Billiton anunciou um lucro líquido de US$ 2,617 bilhões no segundo semestre de 2008, número 56,5% inferior aos resultados do exercício de 2007 no mesmo período. E a companhia japonesa Panasonic revelou que vai fechar 27 fábricas e cortar 15 mil postos de trabalho no mundo todo até março de 2010. No front doméstico, uma das principais notícias do dia foi o anúncio do governo federal, que aumentou em R$ 142 bilhões o montante previsto para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para as obras até 2010.