Em meio aos recordes de popularidade registrados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro deste ano, pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta terça-feira (03/02) mostra que quase a metade dos brasileiros tem o receio de perder o emprego em consequência da crise econômica internacional.
O levantamento aponta, ainda, que 50% da população é favorável à redução da jornada de trabalho com a consequente redução dos salários --alternativa para que as empresas evitem demitir e enfrentem a crise internacional.
"A pesquisa mostra que metade da população está disposta a ajudar as empresas com algum nível de sacrifício pessoal", disse o diretor do instituto Sensus, Ricardo Guedes.
O presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), Clésio Andrade, avalia que o presidente Lula se tornou a "âncora da esperança" para os brasileiros --que acreditam no seu discurso e na possibilidade de reação do país frente à crise. Por esse motivo, a maioria dos entrevistados aposta que redução na jornada de trabalho pode ser uma solução para a crise.
"O povo acredita tanto nele [Lula] que acha que a expectativa é boa", afirmou. Andrade disse acreditar, porém, que os índices de popularidade de Lula vão cair com o esperado agravamento da crise internacional. "Se a expectativa positiva não se consolidar, isso [popularidade do governo] muda mesmo. As pessoas sabem que está havendo queda nos empregos", afirmou Andrade.
Entre os entrevistados, 38,9% se mostraram contrários à redução de jornada de trabalho como medida para conter a crise. Quanto ao receio de perder os empregos, 42,7% se mostraram preocupados com essa possibilidade, enquanto 43,8% afirmaram não ter medo de perder sua atividade econômica caso a crise se agrave no país.
A pesquisa mostra que a expectativa da população para o aumento do número de empregos nos próximos meses é positiva. No total, 51,1% dos entrevistados avaliam que o número de empregos vai subir, 21,7% acreditam que ficará estável e outros 20,3% avaliam que vai piorar. O otimismo subiu em relação a dezembro de 2008, quando 47,3% dos brasileiros acreditava que o nível de empregos melhoraria nos próximos seis meses.
"Isso mostra a esperança das pessoas de que a crise é passageira", disse Andrade.
Crédito
A pesquisa mostra, ainda, que 74,2% dos brasileiros são favoráveis à abertura de linhas de crédito pelo governo para as empresas enfrentarem a crise financeira. Apenas 14,4% se mostraram contra o aumento do crédito e outros 11,5% não quiseram responder.
A CNT/Sensus indica que 56,5% dos brasileiros conhece ou ficou sabendo da crise econômica internacional, enquanto 39,9% dos entrevistados não ouviram falar da crise. Outros 3,8% não quiseram responder.