Controle da inflação e equilíbrio na política monetária foram benefícios citados pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, com a adoção do sistema de câmbio flutuante no país, há 10 anos.
Meirelles presidiu nesta segunda-feira (19/01), na sede do BC, cerimônia de comemoração da adoção do sistema, que atrela a cotação do dólar à variação determinada pelo mercado.
Segundo ele, o regime cambial livre tem sido fundamental para o cumprimento de metas da inflação. Ele disse que o Banco Central vem sendo bem sucedido nesse controle e mantém para 2009 a meta de 4,5% ao ano, com variação de 2 pontos percentuais acima.
O presidente do BC lembrou ainda que o câmbio flutuante foi importante para o equilíbrio relativo da economia em todos os setores e também para o controle macroeconômico, a formação de superávit primário e o equilíbrio do balanço de pagamento.
Mas, ainda que o Brasil tenha merecido o reconhecimento de instituições independentes, de grande peso mundial, diante da adoção do câmbio livre, Meirelles alertou que o sistema "não é uma panacéia, nem remédio para todos os problemas. Ele desagrada a muitos, enquanto agrada a outros", disse Meirelles.
Na sua análise, o regime de câmbio flutuante mostrou ser uma política adequada até porque não impediu que o país acumulasse reservas internacionais, que hoje se situam em US$ 205 bilhões. Para isso, a autoridade monetária fez leilões transparentes a taxas de câmbio do mercado, equilibrando a movimentação da moeda.
Reservas
As reservas que o país detém foram citadas por Meirelles como importantes para a administração dos efeitos da crise financeira internacional. De acordo com ele, o país está em situação mais favorável que a grande maioria dos países também porque criou marcos regulatórios importantes, que impedem que os bancos brasileiros sigam o mesmo caminho que levou à crise iniciada nos Estados Unidos e que, depois, se alastrou para a Europa e o resto do mundo.
"Isso não quer dizer que não estamos sentindo ou que não sentiremos os efeitos da crise, mas o importante é que a economia brasileira está em melhores condições para enfrentá-la", ponderou o presidente do BC.
O presidente do Banco Central afirmou que a cotação do dólar, hoje, está próxima da média histórica dos últimos 10 anos (R$ 2,34) do câmbio flutuante. Na estréia desse regime, o dólar valia R$ 1,32, chegando ao pico de R$ 3,96 no dia 22 de outubro de 2002.
Meirelles lembrou que, em dez anos de câmbio flutuante, o país conviveu com inúmeras crises de conjuntura vividas por importantes parceiros comerciais e não foi afetado significativamente porque desenvolvia uma política macroeconômica consistente.