Jornal Correio Braziliense

Economia

Investimentos diretos estrangeiros vão cair em 2009, diz Unctad

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O fluxo global de investimentos estrangeiros diretos teve queda de 21% em 2008, para US$ 1,4 trilhão, contra US$ 1,8 trilhão (valor recorde) em 2007, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (19/01) pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). De acordo com a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), esse fluxo deve cair ainda mais neste ano. Os dados da Unctad mostram que para os países desenvolvidos esse fluxo caiu em um terço, enquanto nos países emergentes houve uma ligeira alta. Para este ano, no entanto, mesmo as economias em desenvolvimento sofrerão uma redução nesses investimentos. "Os impactos negativos das crises econômica e financeira sobre o investimento estrangeiro direto devem prosseguir e contribuir para uma contínua queda no luxo geral ao longo de 2009", diz o documento da agência. "Os países em desenvolvimento não serão exceção - isto é, as quedas de investimento estrangeiro direto em 2009 serão mais disseminadas." No Reino Unido, a queda nos investimentos estrangeiros foi de 51%, para US$ 109 bilhões; para a França, a queda foi de 37,6%, para US$ 98,5 bilhões. A Itália registrou uma perda de 94,3% nesses investimentos, para US$ 2,3 bilhões. Nos EUA, a queda foi pequena, de 5,5%, para US$ 220 bilhões. Já as regiões em desenvolvimento tiveram desempenho melhor: a África registrou um crescimento expressivo, de US$ 16,8 bilhões em 2007 para US$ 61,9 bilhões no ano passado. A América Latina e o Caribe receberam US$ 142,3 bilhões no ano passado, um aumento de 12,7% sobre 2007. Para a Ásia, o fluxo de investimentos estrangeiros diretos caiu 2,2% - resultado foi puxado para baixo pela queda de 21,3% nos investimentos no Oriente Médio. Na China os investimentos cresceram 10,2%, para US$ 92 bilhões. De acordo com a Unctad, o declínio nos lucros das empresas, devido à queda mundial da demanda, e as atuais condições do mercado de crédito - com bancos no mundo todo recebendo ajuda dos governos sem retomar o ritmo de concessão de empréstimos e financiamentos -, as empresas têm menos recursos (e menos disposição) para arriscar se estabelecerem em outros países. "O impacto desses dois fatores aumenta visto que, neste início de 2009, um alto grau de percepção de risco está levando as empresas a reduzirem extensamente seus gastos e programas de investimento a fim de se tornarem mais resistentes a uma deterioração do ambiente para negócios", diz o relatório da Unctad. Para depois de 2009, o desempenho dos investimentos estrangeiros diretos é incerto "devido à extensão excepcional da atual crise e ao fato de que pode levar a grandes mudanças estruturais na economia mundial". No pior caso, diz a Unctad, apenas em 2012 o fluxo desses investimentos pode voltar a crescer.