Jornal Correio Braziliense

Economia

Concursos estão em alta apesar da crise econômica

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O mercado de concurso público rende milhões a editoras, cursos preparatórios e organizadoras. De acordo com a Associação Nacional de Apoio aos Concursos (Anpac), este segmento cresce 40% ao ano desde 2005 e nada aponta para o contrário. Entre 2005 e 2007, as oito maiores organizadoras do país arrecadaram R$ 326,970 milhões com 708 seleções. A perspectiva é de expansão e aumento do faturamento. Somente no primeiro semestre deste ano estão previstos concursos para ocupar 16.141 vagas no setor público. As principais oportunidades estão no INSS (900 vagas), Ministério da Justiça (600), Dataprev (347 vagas), Ministério das Relações Exteriores (150) e na Advocacia-Geral da União (86 vagas). Também estão previstos concursos para o Banco Central, Tribunal de Contas da União (TCU), Receita Federal e Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que tradicionalmente oferecem altos salários. O Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), da Universidade de Brasília (UnB), organizou 87 concursos em 2008 e, até dezembro, já possuía 26 seleções contratadas para 2009. ; Há contatos para provas até abril;, informa Jake Carvalho de Carmo, coordenador de negócios do Cespe. Em 2007, quando o Cespe realizou 66 processos seletivos, o faturamento foi de R$ 175 milhões. Excluindo as despesas, o saldo é da UnB e destinado a atividades como as refeições e limpeza do restaurante universitário. ;Esse dinheiro não é do Cespe, é da universidade e aplicado na universidade;, informa o coordenador de negócios. De acordo com ele, os valores proveem das inscrições, que são calculadas a partir dos custos que levam em conta o número de cargos, o número de fases, os locais de aplicação das provas e o valor dos salários. Sem crise Antes de enfrentar as bancas examinadoras, os candidatos costumam passar por cursos preparatórios. E, neste segmento, a crise mundial nem passou perto. O Obcursos, por exemplo, pretende empregar entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões em novas tecnologias e instalações tanto no curso preparatório quanto na editora, a Oblivros. ;Crescemos 30% em 2008 e temos planos ambiciosos para este ano;, afirma o professor José Wilson Granjeiro, diretor-presidente da instituição. Segundo ele, pelo menos 35 mil alunos percorreram os corredores do Obcursos. Este mês será inaugurada uma unidade, no Lago Sul, ainda no primeiro semestre uma outra na Asa Norte e uma unidade própria no Rio de Janeiro. Franquias no Norte e Nordeste estão sendo pensadas, como em João Pessoa e Palmas. ;Pelo menos 10% da população do Distrito Federal está envolvida. E desses, 30% respiram concurso 24 horas por dia. Esta realidade está sendo exportada para outros lugares do pais;, garante. Depois da criação da Oblivros, todas as apostilas usadas nos cursos passaram a ser próprias, em substituição às da Vestcon, de quem o Obcursos era parceiro. ;Em abril, será inaugurada uma loja grande no Taguatinga Shopping. Ela virá complementar os serviços das demais oito livrarias com nosso material e os principais livros sobre o assunto;, detalha Granjeiro. O ano que terminou também foi de novidades para a Vestcon. Além de controlar uma das maiores editoras de apostilas para concursos públicos do país e o forte curso de preparação online , o professor Ernani Pimentel se rendeu ao curso presencial em Brasíla, criando a Vestconcursos. ;Nosso curso oferece diferenças tecnológicas e recursos didáticos bastante avançados;, diz Pimentel. Cursos online O professor não informa números sobre investimentos, mas garante ter um projeto de expansão dos cursos online no país. ;Para quê viver do passado se a internet é o futuro?;, ironiza. A fórmula de cursos a distância está ganhando espaço. Só para a seleção da Caixa Econômica Federal, 6 mil candidatos foram aprovados por meio das videoaulas no computador. ;Nossos alunos saem na frente com o suporte que a rede oferece;, diz. Os dois são unânimes em dizer que na área de concursos públicos não há crise. ;Crises financeiras não criam problemas para o mercado de concursos. Pelo contrário, impulsionam as pessoas a estudarem em busca de estabilidade e bons salários;, comenta Ernani. E Granjeiro complementa: ;Até 2015, o boom de concursos será mantido. Será uma época muito favorável em todos os níveis;. Leia mais sobre mercado de concursos na edição impressa do Correio Braziliense