Jornal Correio Braziliense

Economia

Pesquisa do IBGE mostra que vendas no comércio caem de novo

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A desaceleração econômica derrubou pelo segundo mês consecutivo as vendas no comércio brasileiro. O volume comercializado pelo varejo em novembro foi 0,7% inferior ao registrado em outubro, quando já havia sido constatada uma queda de 0,9%, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta foi a primeira vez em quase três anos que as vendas caíram por dois meses consecutivos. Os comerciantes de bens duráveis foram os mais prejudicados. Somando o resultado do setor varejista com o dos segmentos de materiais de construção e de veículos, a redução foi ainda mais acentuada. A queda de 8,3% registrada em outubro foi agravada por uma desaceleração de 3,4% no mês seguinte. O desempenho é reflexo da diminuição da oferta de crédito, de acordo com especialistas. ;O crédito é o principal fator de estímulo ao consumo de bens duráveis. Os setores vinculados à renda estão com resultado melhor do que os que dependem do crédito;, analisa o técnico do IBGE na área de comércio e serviços Nilo Lopes de Macedo. Os supermercados e as farmácias e perfumarias venderam 0,7% e 1,6% a mais que em outubro, respectivamente. Se esses segmentos vão conseguir passar pela crise sem maiores danos, só dará para saber a partir de março, na opinião do chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas. ;Depois do carnaval vamos ter uma dimensão se teremos mais encomendas ou não pelo comércio, que ainda está com estoques de 2008;, afirma. O economista acredita que neste ano as vendas cresçam entre 3% e 3,5% em relação a 2008, mesmo que em ritmo desacelerado. Em relação a 2007, o resultado ainda é positivo, mas a redução em novembro desacelerou o ritmo de crescimento do volume de vendas. Em outubro, o varejo havia vendido 9,8% a mais que no mesmo mês do ano passado. Em novembro, a relação caiu para 5,1%. Os setores que perderam nos 12 meses são os de veículos, motos e peças, tecidos, vestuários e calçados e materiais de construção. Ao contrário dos outros sete setores pesquisados pelo órgão, a demanda nos três segmentos diminuiu 20,3%, 8,7% e 6,2%, respectivamente. Apesar da perda do ritmo, todos os grupos pesquisados pelo IBGE estão com taxa de vendas positivas no acumulado do ano, que começou positivo, até o começo da crise. Nilo Lopes, técnico de comércio e serviços, fala sobre desaceleração de bens de consumo duráveis e os efeitos da crise internacional no Brasil Ritmo menor em Brasília Apesar da perda de fôlego, na média nacional o comércio conseguiu manter resultados positivos sobre 2007. No Distrito Federal o varejo não conseguiu avançar no mesmo ritmo. Em novembro, enquanto as vendas nacionais estavam 5,1% superiores às do mesmo mês de 2007, no DF elas aumentaram apenas 0,2%, de acordo com os dados da Pesquisa Mensal de Comércio referentes a novembro, divulgada pelo IBGE. Em outubro, a relação estava em 9,8% na média de todas as unidades da federação, e em 4,1%, na capital federal. Em setembro, em 9,3% e 3,6%, respectivamente. No acumulado de 2008, o varejo brasiliense também cresceu menos. De janeiro a novembro o acréscimo foi de 4,6% no DF, contra 9,8% da média brasileira. Entidade representativa do setor, a Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio), acredita que o ano de 2009 será positivo. ;A construção civil deve ter um impulso grande neste ano, com o setor Noroeste e as obras públicas, aquecendo os negócios da cidade. Os aumentos salariais dos servidores também devem ajudar a aumentar a circulação de dinheiro;, afirma o diretor da federação Roger Benac. (MF)