Jornal Correio Braziliense

Economia

À beira de recessão, Reino Unido estuda novo corte de juros

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O Banco da Inglaterra se reúne nesta quinta-feira (8/01) para decidir se adota ou não uma nova redução da sua taxa de juros, em meio a notícias de novos indícios de que o Reino Unido está à beira de uma recessão. De acordo com o jornal "Financial Times", a expectativa é de que o banco central britânico anuncie um corte de 0,5 ponto percentual, o que reduziria a taxa para 1,5% ao ano. Se o novo corte for confirmado, esta será a primeira vez que a taxa fica abaixo do atual nível de 2% desde a fundação do Banco da Inglaterra, há 315 anos. A taxa de 2% havia sido anunciada em dezembro passado e já era a mais baixa desde 1951. Economistas entrevistados pelo Financial Times apontam a recente desvalorização de 8% da moeda local (a libra esterlina) e a contração de 0,6% do PIB britânico no terceiro trimestre de 2008 como as principais razões para a previsão da redução da taxa de juros. Imóveis Na última terça-feira (6/01), um dos maiores bancos hipotecários britânicos, o Nationwide, anunciou que o preço dos imóveis residenciais voltou a cair em 2,5% em dezembro, o que representa uma queda anual de 15,9%. No mesmo dia, a Marks & Spencer, uma das mais tradicionais lojas de departamentos do país, anunciou o fechamento de filiais e o corte de até 1,2 mil funcionários, em um reflexo da crise do setor varejista britânico. Além disso, em dezembro, outro importante indicador da situação econômica no país - o nível de desemprego - também apresentou resultado negativo. O desemprego no terceiro trimestre de 2008 subiu 6%, o índice mais alto desde 1997. "Como o Reino Unido depende muito dos setores imobiliário e financeiro, e como eles continuam tendo problemas, a desaceleração geral está muito forte", disse o analista Wilber Colmerauer, sócio da empresa de fundos "hedge" Liability Solutions e diretor da Câmara de Comércio Brasil-Inglaterra, em Londres. Para Colmerauer, um novo corte nas taxas de juros deve demorar para ter um impacto significativo na economia britânica. "Nenhuma política monetária funciona de imediato, é mais um instrumento para reativar a economia quando acontece o que vivemos hoje", avalia. "Há uma falta de crédito, e o dinheiro sumiu. Mas a taxa de juros é um componente pequeno em relação ao contexto atual", acrescenta Colmerauer. Críticas Em meio a fortes críticas da oposição, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown está visitando regiões da Inglaterra e do País de Gales que sofreram com a crise de desemprego da década de 80 - uma das maiores da história. A visita tem sido encarada como uma tentativa de mostrar que o governo está atento às preocupações da população com a possível recessão. Em entrevista à BBC no último domingo, Brown defendeu a maneira como vem lidando com a crise, em especial a decisão de cortar temporariamente em 2,5% o VAT (imposto semelhante ao ICMS brasileiro) para incentivar o consumo. "Se o sistema monetário não está funcionando como deveria, se não há possibilidade de uma grande inflação a curto prazo e se não se está atrapalhando os investimentos particulares, o governo precisa fazer sua parte", disse. No entanto, o líder do Partido Conservador, David Cameron, lembrou que o corte do VAT diminui a arrecadação do governo em 12 bilhões de libras e afirmou que a medida foi uma "piada". "Dava na mesma Brown ter queimado dinheiro", disse o oposicionista. Brown pediu para que a população "dê um tempo" para que suas medidas comecem a funcionar. "Não é possível julgar o sucesso dessas políticas baseado apenas no que ocorreu em um mês", afirmou. O primeiro-ministro britânico reconhece, no entanto, que 2009 será um ano "difícil e desafiador".