Um dia após a divulgação da queda de 5,2% da produção industrial em novembro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se reúne nesta quarta-feira (7/01) com parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O encontro já estava agendado, mas a ameaça de recessão, reforçada ontem pelos dados do IBGE, tem potencial para alterar as expectativas dos agentes econômicos, o que preocupa o governo.
Mantega se reúne com associações das indústrias de máquinas, de alimentos, automóveis, autopeças, material de construção, infraestrutura e indústrias de base. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o grupo Pão de Açúcar e o empresário Jorge Gerdau também estarão no encontro. Segundo assessores, o ministro quer ouvir avaliações da crise e o efeito das medidas do governo e as condições para que a economia continue girando em 2009.
A pauta do encontro está aberta, mas o setor privado vai pedir novas medidas contra a crise. O presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, por exemplo, pretende defender reforços para a construção. O próprio Mantega já informou que sua equipe estuda novas iniciativas para aquecer o mercado imobiliário, entre elas, aumentar de 600 mil para 900 mil o número de imóveis financiados pela Caixa Econômica Federal. Outra proposta em estudo é a criação de um mecanismo que permita ao mutuário deixar de pagar prestações durante determinado período, caso fique desempregado.
O setor de material de construção quer que o governo facilite a venda de seus produtos. O setor de infraestrutura defende um novo fundo de financiamento, com recursos dos fundos de pensão das estatais, para impedir que empreendimentos privados em execução sejam interrompidos. A ajuda adicional à construção civil faz parte do arsenal do governo para manter a economia aquecida nos próximos anos, principalmente no período mais crítico da crise, que é o primeiro semestre deste ano. O governo pretende também ampliar os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cujo total foi elevado dos R$ 504 bilhões inicialmente anunciados para R$ 1,1 trilhão. Outras frentes são os investimentos no pré-sal e a ampliação de aeroportos, metrôs e trens para a Copa de 2014. O Fundo Soberano, de R$ 14,2 bilhões, deverá dar suporte à iniciativas na área de infraestrutura.