O secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, afirmou que a dificuldade de enfrentar o crescimento das economias emergentes é, em parte, culpada pela crise financeira, segundo entrevista publicada nesta sexta-feira pelo "Financial Times".
Segundo Paulson, os desequilíbrios entre as nações que registram rápido crescimento e poupam, como a China, e aquelas que investem estão na raiz do problema.
Nos anos que levaram o mundo à crise atual, explicou, as economias de países como a China e os exportadores de petróleo --num momento de baixa inflação e comércio e fluxos de capitais vigorosos-- exerceram uma pressão negativa sobre os retornos dos investimentos em outros países.
Isso derrubou as taxas de juros e levou os investidores a procurarem ativos de riscos maiores (e conseqüentemente com rendimentos melhores), plantando as sementes da bolha do mercado de crédito mundial que atravessou as fronteiras do setor "subprime" (crédito hipotecário de alto risco americano).
"Os excessos se acumularam durante um longo período, com os investidores buscando maiores retornos, avaliando incorretamente o risco", disse Paulson ao jornal britânico.
O argumento de Paulson sugere que as raízes da crise não estão apenas no sistema financeiro e que, para evitar uma crise futura, será necessário não apenas melhorar a regulação financeira e a gestão do risco como também aumentar a cooperação macroeconômica mundial.
"Precisamos aprender muito mais sobre os desequilíbrios mundiais", declarou Paulson.
Para ele, se o FMI (Fundo Monetário Internacional) tiver um papel fortalecido neste contexto será suficiente para enfrentar o problema.
Paulson disse que o G20, que inclui as principais nações desenvolvidas e emergentes, é o grupo adequado para buscar uma resposta mundial para a crise.