Mesmo com a intervenção do Ministério Público do Trabalho, o impasse em torno do pagamento de salários e benefícios sociais dos funcionários da empresa de terceirização de mão-de-obra Conservo continua. Desta vez, os terceirizados reclamam do atraso no repasse do décimo terceiro salário e do vale-transporte e tíquete-refeição. A data limite para pagamento do rendimento adicional era 20 de dezembro e, por enquanto, os trabalhadores estão sem previsão de recebimento.
No caso do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), cerca de 400 terceirizados da área de administração e limpeza ainda não tiveram acesso a esses benefícios e temem que mais atrasos ocorram em janeiro. ;Ainda nem recebemos o décimo terceiro salário e já estou com medo de não receber meu salário no próximo mês;, afirmou uma funcionária que preferiu não se identificar para não sofrer represálias. ;O ministério deveria rescindir o contrato. Acho que atrasar salários por vários meses consecutivos configura um descumprimento de cláusula contratual;, disse um outro trabalhador.
Recentemente, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) cancelou contrato com a empresa Montana justamente por conta desse motivo. No Ministério da Educação, os terceirizados da Montana reivindicam o pagamento dos atrasados.
Mas não são apenas os terceirizados que prestam serviços no Mdic que estão em dificuldades para receber os salários e benefícios sociais. Na semana passada, trabalhadores do Ministério do Planejamento fizeram as mesmas reclamações. Ontem, a Conservo foi procurada para dar explicações sobre a demora no pagamento, mas, segundo recepcionista da empresa, não havia dirigente disponível para dar esclarecimentos.
A situação financeira da Conservo vem se deteriorando a cada dia, desde que a Controladoria-Geral da União (CGU) considerou o grupo inidôneo para ser contratado por órgãos federais devido a irregularidades como pagamento de propina, vazamento de informações reservadas e conluio entre as empresas. Os contratos firmados com pelo menos 14 ministérios, tribunais e empresas estatais estão sendo rescindidos gradualmente para atender exigência da CGU.