O volume de empregos no setor da construção civil deverá manter o ritmo atual pelo menos até o final do primeiro trimestre de 2009 graças às obras já contratadas antes do início da crise financeira internacional, informou nesta quarta-feira (3/12) o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP).
Até outubro, o estoque de pessoas empregadas no setor no Brasil atingiu 2,19 milhões, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho --uma alta de 18% sobre o mesmo mês do ano passado.
"As obras já iniciadas estão com um financiamento bem arranjado, então não vão parar e manterão os níveis elevados de empregos, perto da taxa atual, até o final do primeiro trimestre de 2009", disse o diretor de economia do SindusCon-SP, Eduardo May Zaidan. "Minha empresa começou agora uma nova obra e estou com dificuldades de contratar carpinteiros, por exemplo." Porém, Zaidan lembra que os meses de novembro e dezembro geralmente trazem uma redução no volume de empregos resultante de um efeito sazonal comum ao setor. "É por uma questão de sazonalidade, na série histórica só não ocorreram demissões neste período em apenas dois anos", disse.
Devido a este tradicional corte de vagas no final do ano, Zaidan disse que apenas em março será possível quantificar o impacto da crise financeira no número de empregos gerados pelo setor.
A crise, explica a entidade, deverá trazer impacto em departamentos específicos das construtoras. "Os setores administrativos e de vendas deverão apresentar cortes porque haverá menor número de lançamentos", disse Ana Maria Castelo, economista da FGV Projetos.
2009
O que acontecerá após o primeiro trimestre do próximo ano ainda não está claro para as empresas de construção civil, o que fez a entidade fazer duas previsões diferentes.
Em um primeiro cenário, onde o nível de investimento não cai abruptamente, o SindusCon-SP prevê que o setor apresentará crescimento de 4,7%, enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceria 3,8%. No segundo cenário, mais pessimista devido a um maior número de projetos de investimentos cancelados, o PIB cresceria 2,8% e a construção civil, 3,5%.
A entidade aposta no cenário mais otimista. O que sustenta a crença é o ciclo mais longo dos investimentos no setor --ou seja, muitas decisões de investimentos tomados nos tempos de bonança influenciarão no desempenho de 2009--, a garantia do governo federal de manter seus investimentos em infra-estrutura e a manutenção dos recursos de financiamento do setor, notadamente vindos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e da poupança, no caso do imobiliário, e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no caso da construção pesada.
Um crescimento menor em 2009, inclusive, chega a ser "comemorado" pelo setor. "Não haveria mão-de-obra e materiais suficientes para manter o crescimento no ritmo de 2008 (que deverá fechar em 10%)", disse Ana Maria. "É hora das empresas se reorganizarem e se prepararem melhor para a retomada do crescimento."