Hoje, 13 dias após o secretário Saúde do Distrito Federal, Augusto Carvalho, ter anunciado que cancelaria o concurso para preencher 412 vagas de residência médica em razão de denúncias de confusão e irregularidades durante a aplicação das provas, os cerca de 3,9 mil candidatos com formação nas áreas de medicina, nutrição, odontologia e afins ainda não obtiveram uma resposta concreta sobre a que ocorrerá com o processo seletivo. Nesta segunda-feira (1°/12), dia a partir do qual estava prevista a divulgação do resultado do certame, a Edudata, organizadora da seleção, divulgou nota em sua página na internet afirmando que a lista dos aprovados foi encaminhada à Secretaria de Saúde do DF para 'homologação' e que só será divulgada após anuência do órgão. Este, por sua vez, procurado pelo correiobrazliense.com.br, afirmou por meio de sua assessoria de comunicação que ainda não foi decidido se o concurso para residência será validado ou não e que o caso está 'sob análise'.
As provas da seleção da Secretaria de Saúde do DF para residência médica nas unidades da rede pública local de saúde aconteceram no último dia 16 de novembro, um domingo. Logo após a aplicação destas, candidatos protestaram contra a semelhança de algumas questões da avaliação com as dos testes de progressão de 2007 e 2008 da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) do Distrito Federal. Os concursandos também denunciaram a entrada de candidatos com atraso nas salas de prova, a não solicitação de documentação em alguns casos, toque de celulares durante o tempo para responder às perguntas, fiscalização falha e carteiras apinhadas nos locais de avaliação, facilitando a visualização da prova dos concorrentes.
O médico Rogério Pereira Lemes, 28 anos, viajou da cidade de Edéia (GO), há aproximadamente 300 km de Brasília para concorrer a uma das vagas. O jovem, que fez prova na Universidade de Brasília (UnB), único local de aplicação, afirma que houve toque de celulares de diferentes pessoas pelo menos três vezes em sua sala. "Eles (fiscais) recolheram os aparelhos de algumas pessoas na entrada e colocaram em sacos plásticos. Acontece que as provas estavam previstas para começar às 9h e nesse horário pelo menos metade do pessoal que devia estar na minha sala ainda estava de fora. Então, começaram a deixar entrar gente às pressas, sem fazer o processo de identificação e acredito que sem pegar o celular", diz.
O médico afirma ainda que, nas ocasiões em que os telefones tocavam, os fiscais simplesmente iam à carteira do candidato e o recolhiam. "Não mandaram ninguém embora, e no edital estava especificado que era proibido", queixa-se Lemes, que é a favor de realização de novas provas. "Gastei dinheiro com viagem e com hotel para ir a Brasília, mas, mesmo que gaste de novo, quero que seja feito o que é certo", declarou.
Novo concurso
Quando afirmou que o concurso de residência seria cancelado, no último dia 19, o secretário de Saúde Augusto Carvalho prometeu a realização de novo processo seletivo ainda este ano. Nesta segunda-feira, a reportagem não conseguiu contato direto com o secretário.
A Edudata, uma instituição de São Paulo, divulgou nota se defendendo das denúncias feitas pelos candidatos. Nesta, a organizadora diz que apesar de alunos terem entrado nas salas de provas após as 9h, os portões foram fechados no horário previsto.
O instituto afirma também que 'por falha da zeladoria do prédio (da UnB)', houve 'alguns problemas de acomodação' nas salas, que teriam sido 'contornados a tempo'. Por fim, a Edudata declara no documento que 'caso fique comprovado que as questões são idênticas (às de outras provas)' como denunciam os inscritos, 'elas serão anuladas e a pontuação relativa será atribuída a todos os candidatos'.