A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acumulou seu quarto pregão de baixa, acompanhando a derrocada generalizada das principais bolsas de valores mundiais. Os EUA registraram a pior deflação em 61 anos, um sinal visível de recessão. O câmbio bateu R$ 2,39, mesmo com as intervenções agressivas do Banco Central.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, retrocedeu 2,02% e alcançou os 33.404 pontos. O giro financeiro foi de R$ 2,89 bilhões, bastante esvaziado, mesmo para uma véspera de feriado. No acumulado deste ano, a Bolsa acumula perda de 47,7%. Nos EUA, a Bolsa de Nova York desaba 3,67%, ainda em operações.
"Está uma onda generalizada de pessimismo. Por bem ou por mal, os governos já resolveram de alguma forma o problema financeiro, mas resta ainda o problema da economia real, que é bem mais difícil. E a Bolsa está refletindo as expectativas para os próximos trimestres, de que as margens de lucro das empresas fiquem piores devido à crise", comenta Advaldo de Campos, economista da AMW Investimentos.
"Nesse cenário, a Bovespa vai buscar novos patamares, provavelmente rumo aos 30 mil pontos. Vamos ser realistas: não tem dinheiro novo e quando tem algum volume [de negócios], a maior parte é de venda", acrescenta.
Segundo estatísticas da Bolsa, o saldo de investimento estrangeiro está negativo (vendas de ações superando compras) em R$ 1,2 bilhão até o pregão do dia 14. Nos últimos meses, o saldo também foi negativo. No ano, os estrangeiros já retiraram R$ 24,32 bilhões.
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,390 para venda, o que representa um acréscimo de 2,70% sobre a cotação final de ontem. A taxa de risco-país marca 492 pontos, número 5,57% acima da pontuação anterior.
Uma das principais notícias do dia, o indicador CPI, o índice de preços ao consumidor dos EUA, apontou deflação de 1% em outubro. Segundo o Departamento de Trabalho americano, trata-se da maior queda para este indicador desde fevereiro de 1947. Em setembro, o mesmo índice havia ficado estável.
Ontem, o índice de preços PPI (preços no atacado) reforçou as expectativas de que os EUA caiam em recessão ao registrar uma variação negativa de 2,8% em outubro, a pior deflação num mês desde 1947.
E no final da tarde, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) comunicou que suas projeções apontam que a atividade econômica nos Estados Unidos continuará em recessão por até um ano. A informação consta da minuta da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) divulgada nesta quarta-feira.
Entre outras notícias, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a taxa de desemprego recuou de 7,6% em setembro para 7,5% em outubro. É o melhor resultado para um mês de outubro, e o segundo melhor da série - iniciada em março de 2002 -, atrás apenas de dezembro de 2007 (7,4%).
Nossa Caixa
O mercado está agitado por rumores sobre a aquisição iminente do banco estadual Nossa Caixa pelo Banco do Brasil. Hoje, o governador de São Paulo, José Serra, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reúnem-se em Brasília, mas o Planalto desmentiu que o assunto principal seja a fusão das duas instituições financeiras.
No pregão de hoje, a ação ordinária do Banco do Brasil recuou 0,59% enquanto a ação ordinária da Nossa Caixa perdeu 0,36%.