Jornal Correio Braziliense

Economia

G-20 propõe reforma do FMI e controle moderado do sistema financeiro

Plano anticrise inclui 47 recomendações que atendem ao desejo dos EUA de pouca intervenção

Duas reivindicações do Brasil, a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o comprometimento com a conclusão da Rodada Doha, farão parte do documento que será divulgado na cúpula do G-20. Na declaração de 10 páginas, há um plano de ação com 47 recomendações para lidar com a crise financeira que ameaça diversos países. O G-20 vai propor o estabelecimento de uma agência de boas práticas para indústria financeira, com recomendações para o funcionamento de fundos hedge, negociação de derivativos e outros, para evitar o risco sistêmico. As recomendações atendem ao desejo dos Estados Unidos de não intervir muito nas instituições financeiras, e vão ficar bem longe da "Interpol financeira" desejada pelos franceses. "Foi preciso diluir um pouco para chegarmos a um consenso", disse uma fonte que participou das reuniões para desenhar o documento, que acabaram na sexta-feira às 23h30. Segundo outra fonte que participou das reuniões, órgãos existentes como o Fundo de Estabilidade Financeira vão assumir a tarefa de coordenar a regulamentação de instituições financeiras transnacionais, nos moldes da proposta do primeiro-ministro britânico Gordon Brown. "Há um reconhecimento de deficiências regulatórias na raiz da crise atual e a idéia de maior coordenação na regulação nos órgãos já existentes", diz a fonte. No documento, o G-20 vai se comprometer com o avanço das reformas das instituições de Bretton Woods para refletir o maior peso dos países emergentes na economia mundial. Também haverá uma recomendação de aumentar os recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI). Várias nações estão buscando ajuda, como Hungria, Islândia, Ucrânia - hoje o Fundo tem disponíveis cerca de US$ 250 bilhões. O Japão iria anunciar um empréstimo de US$ 100 bilhões para o Fundo ajudar países afetados pela crise. Gordon Brown havia sugerido que a China e as nações do Golfo Pérsico contribuíssem com mais recursos para o Fundo. No documento, há também um comprometimento com a conclusão das modalidades da rodada Doha até o final deste ano. A reunião estava esvaziada porque nenhum líder acredita em grandes avanços e o presidente eleito, Barack Obama, não estará presente. Muitos sabem que a maioria das medidas vai ficar para a próxima reunião do G-20, no final de março, já com a participação de Obama.