Jornal Correio Braziliense

Economia

Lula admite percalços a exportadores e pede manutenção de investimentos

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta terça-feira (4/11) que os empresários não paralisem os investimentos frente à crise financeira internacional, embora tenha admitido que haverão "percalços momentâneos" com a recessão na Europa e nos Estados Unidos e que alguns setores exportadores poderão "perder um pouco". Ainda que Lula tenha apontado, em discurso em cerimônia alusiva à conclusão da segunda casa de força da Usina Hidrelétrica de Tucuruí (PA), a necessidade de buscar novos mercados para os exportadores brasileiros, destacou o potencial de consumo interno. "Nós temos que procurar novos mercados, mas nós temos um potencial de mercado interno que poucos países do mundo têm, nós temos uma sociedade ávida por comprar. Ainda tem milhões que querem carro, tem milhões que querem geladeira, televisão, tem milhões que querem casa, tem milhões que querem uma série de coisas que o mundo desenvolvido já conquistou e que nós ainda não conquistamos", disse Lula. Por conta desse cenário, o presidente pediu que o setor produtivo mantenha suas obras e investimentos, assim como deverá fazer o governo federal, segundo Lula. "O governo federal não vai parar uma obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), todas elas serão mantidas, e vamos trabalhar com os empresários brasileiros para que eles mantenham as suas obras. (...) Nós vamos reagir assim (à crise): mantendo as obras, incentivando os empresários brasileiros a continuar produzindo, fazendo com que o crédito volte a irrigar todo o sistema neste país, seja na construção civil, na agricultura, na indústria automobilística, na pequena e média empresa brasileiras", disse o presidente. Lula voltou a creditar a responsabilidade pela crise aos Estados Unidos e à idéia de que o Estado prejudicava o mercado, ainda que, em momento de turbulência, tenham sido socorridos por eles - os governos. "Quando quebra, quem é que aparece para salvar o mercado? É o Estado. É ao Estado que todos pedem socorro. Aí vai o governo americano e coloca US$ 850 bilhões, aí vai o primeiro-ministro da Inglaterra e coloca US$ 1 trilhão, aí vai a Europa e coloca não sei mais quantos bilhões de dólares. Ao todo, essa crise já chegou a mais de US$ 4 trilhões e o Brasil não quebrou", comemora Lula. Em relação à votação para a escolha do novo presidente dos Estados Unidos, finalizada nesta terça-feira, Lula disse que o eleito não deverá "deixar a crise perdurar por um ano". "Não é possível que quem ganhar as eleições vá deixar essa crise perdurar por um ano. A economia não agüenta. Portanto, as pessoas terão que tomar medidas rapidamente".