A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou o primeiro pregão do mês de novembro com forte alta, favorecida principalmente pelas ações do setor bancário. A fusão entre Itaú e Unibanco animou os investidores, ao marcar o que analistas vêem como o reinício do processo de fusões e aquisições dos bancos.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, valorizou 2,66% no fechamento e alcançou os 38.249 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,19 bilhões. A ação do Itaú avançou 16,36%, enquanto o papel do Unibanco subiu 8,95%. Entre os bancos rivais, a ação do Bradesco teve ganho de 4,42%, mas a ação do Banco do Brasil perdeu 3,04%. O banco estadual Nossa Caixa, em perspectiva de ser comprado, ascendeu 8,76%.
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,168 na venda, em alta de 0,37%. A taxa de risco-país marca 446 pontos, número 6,44% acima da pontuação anterior.
As Bolsas européias concluíram os negócios com recuperação, a exemplo de Londres (1,50%) e Frankfurt (0,77%). Nos EUA, a Bolsa de Nova York ainda não encerrou e opera em baixa de 0,47%.
O Banco Central entrou no mercado com um leilão de venda às 11h11 e adquiriu moeda por R$ 2,1875 (taxa de corte). Nessa operação, a autoridade monetária não informa o montante negociado. Pouco mais tarde, às 12h45, o BC voltou à carga com um leilão de "swap" cambial e colocou US$ 838 milhões desses contratos, que fornecem proteção ao agente financeiro contra as oscilações do dólar.
"Quase todo o mercado está trabalhando com o dólar em torno de R$ 1,95 no final do ano. O preço de hoje está inflado e pode haver uma acomodação muito rapidamente, nas próximas semanas", afirma João Gomes, gerente de câmbio da corretora Agente.
A Itaúsa - empresa de participações do grupo Itaú - e o Unibanco anunciaram nesta segunda-feira que irão fundir as operações financeiras entre ambas, o que formará o maior banco do país e o maior grupo financeiro do Hemisfério Sul, segundo comunicado divulgado pelos bancos.
Analistas viram na operação a chance do Itaú ganhar escala, com perspectiva de expandir-se internacionalmente. Também ressaltaram que a fusão pode ser uma fusão da instituição financeira enfrentar a crise financeira, em meio a um processo global de enxugamento do setor bancário. Outro analista destaca que a fusão pode ser o início de uma onda de fusões e aquisições no setor bancário brasileiro. "A operação é de um vulto muito representativo e estimula as outras instituições a fazerem o mesmo. O mercado de fusões e aquisições interrompeu um pouco com a crise americana, mas vai retomar agora", comenta Luis Miguel Santacreu, especialista da Austin Ratings.
"O mercado já contava com a possível compra do Unibanco há muito tempo. Os dois bancos viram uma oportunidade, quando as ações desvalorizam muito, o que pode ter facilitado nas negociações para a troca de ativos", comenta Ricardo Tadeu Martins, gerente de pesquisa da corretora Planner. "Se você olhar para o mercado bancário, está cheio de bancos pequenos, de nicho, que não interessam e nem fazem muita diferença para o Bradesco. Quer dizer, sobrou muito pouco para esse banco tirar a diferença", acrescenta.
Notícias do dia
Entre as outras notícias do dia, o Boletim Focus, preparado pelo Banco Central, mostrou que a maioria dos economistas do setor financeiro estima que o dólar deve terminar o ano cotado a R$ 2, mesmo patamar esperado para o final de 2009.
A Petrobras informou que registrou recorde de exportação de petróleo no mês de outubro. Segundo a estatal, foram enviados ao exterior, em média, 574 mil barris/dia, superando em 42 mil barris/dia o volume máximo anterior, constatado em abril deste ano.
No front externo, a associação profissional Institute for Supply Management (ISM) apontou queda no nível de atividade industrial dos EUA. O índice ISM para o setor acusou leitura de 38,9 pontos em outubro contra 43,5 em setembro. A queda é maior que a previsto pelos analistas, que esperavam um índice de 42 pontos.