A inflação vai pesar mais no bolso dos brasileiros. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) fechou outubro em 0,47%, contra 0,09% de setembro. Esse foi o maior percentual do indicador desde a quarta semana de julho, quando apresentou variação de 0,53%. O grupo alimentação, que subiu 0,83%, foi o principal culpado pela aceleração. Os itens presentes no cotidiano das famílias como arroz e feijão, carnes e leite foram os que mais subiram.
Os dois grãos dispararam 3,17%. No ano, acumulam alta de 8,45% e, em 12 meses, de 11,01%. Os cortes bovinos registraram elevação de 3,97% e, desde janeiro, somam salto de 18,73%. Em 12 meses, foram ainda mais longe: 34%. Além desses itens, os laticínios e alimentos in natura passaram a cair menos. Os derivados do leite, que haviam reduzido 2,09% em setembro, desaceleraram 0,2% em outubro.
As hortaliças e legumes foram de uma taxa negativa de 3,33% para uma de 2,13%. As frutas também caíram em menor intensidade: de - 11,32% para -5,88%. "Ao analisarmos as séries históricas percebemos que o último trimestre do ano é marcado por essas altas que não estão relacionadas com a crise financeira mundial, mas com períodos de entressafra. É um movimento decorrente dos efeitos domésticos", explicou André Braz, coordenador do IPC na FGV. "Importamos uma quantidade muito pequena de feijão da China e, por isso, o aumento do câmbio não influenciou nos preços do grão", acrescentou.
Segundo o economista, o aumento do dólar pode influenciar a exportação de carne, mas isso não pesaria tanto no IPC-S. "Não seria algo destacável", disse. Um produto que teve influência da disparada da moeda americana foram os computadores, cuja variação foi de 2,4% em outubro após alta de 2,25% em setembro. No ano, os itens acumulam aumento de 6,92%. "Um aumento desse patamar em um único mês não era visto há tempo", analisou Braz.