Oito meses depois de anunciar um plano agressivo de reestruturação, cujo objetivo era dar mais agilidade à companhia e recuperar a participação de mercado, a Natura começa a enxugar seu quadro de funcionários. Até agora, 200 vagas foram eliminadas, com a demissão de 100 profissionais - segundo a empresa, parte dos funcionários será reaproveitada em novas unidades de negócios. O corte só não atinge as áreas de operação e distribuição. A empresa emprega atualmente 5,9 mil funcionários.
Segundo o presidente da Natura, Alessandro Carlucci, as demissões não têm nenhuma relação com a crise financeira e devem acabar nesta sexta-feira (31/10). Elas não estavam previstas no começo do ano, mas depois mostraram-se necessárias, segundo o executivo. "Quando começamos a reestruturação, não tínhamos estratégia de redução de pessoas. Mas, conforme fomos mapeando os processos e desenhando as unidades de negócios, vimos que havia níveis exagerados de retrabalho", conta. "Com as mudanças, vamos descentralizar mais as decisões. Essa é a grande mudança organizacional, talvez a maior feita na história da Natura."
A Natura é o caso clássico de empresa que cresce rápido demais e que, para suportar esse ritmo, constrói uma estrutura administrativa e financeira inchada. Quando esse crescimento diminui e os custos aumentam, a gordura fica mais evidente. O Pão de Açúcar passou por um processo semelhante no começo deste ano. Nos dois casos, os investidores aprovaram os cortes. As ações ordinárias da Natura, que estavam cotadas abaixo de R$ 14,00 em agosto (antes, portanto, do agravamento da crise global), fecharam ontem a R$ 18,00.