A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ganhou 27,2% nos últimos três dias, compensando apenas parcialmente as perdas acumuladas nos últimos dias. O mercado financeiro já acumula sete semanas de extrema volatilidade, com poucos indícios de que o pregão vai voltar a ter dias mais regulares no curto prazo. Hoje, o mercado reagiu bem à divulgação do PIB americano, que encolheu menos do que o temido por muitos economistas de bancos e corretoras.
A bolsa abriu com forte alta e se manteve nesse ritmo por toda a jornada: o índice Ibovespa subiu 7,47% no fechamento e alcançou os 37.448 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,25 bilhões.
As ações líderes da Bolsa, Vale e Petrobras, valorizaram 6,77% e 7,23%, respectivamente. Os dois papéis respondem por mais de 30% do volume total dos negócios.
O dólar comercial foi cotado a R$ 2,105 na venda, em decréscimo de 1,77%. A taxa de risco-país marca 473 pontos, número 2,87% abaixo da pontuação anterior.
A taxa de câmbio recuou pelo quarto dia nas operações desta quinta-feira, acompanhando o movimento de recuperação mundial das Bolsas de Valores. O Banco Central realizou um leilão de "swap" cambial, colocando no mercado US$ 979,3 milhões desses contratos. No início da tarde, a autoridade monetária promoveu três leilões de venda com compromisso de recompra. Foram aceitas quatro propostas, no montante total de US$ 860 milhões.
"O que aconteceu é o que os americanos chamam de "pull back´, uma reação técnica após um período muito longo de baixa. Nós vimos o início dessa reação com muita força na terça-feira e com menos intensidade nos dias seguintes", comenta Mário Paiva, analista da corretora Liquidez.
Paiva vê indícios de que a volatilidade do mercado financeiro começa a diminuir. "Gradualmente, o mercado vai ter que se adaptar a essa nova realidade, uma realidade de acesso mais restrito à crédito, uma realidade de atividade econômica menor", avalia.
O que não significa, salienta, que a crise está no "início do fim". "Eu tenho 25 anos de mercado e nunca vi uma crise dessas antes. Quem disser que sabe quando vai acabar, provavelmente está mentindo", diz ele.
Hoje, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, advertiu que o país não vai estar livre dos impactos da crise global. "Não teremos recessão no Brasil. Posso estar errado. Pode haver queda de arrecadação, mas por enquanto não há reflexo", afirmou.
O governo dos EUA divulgou hoje que o PIB nacional encolheu 0,3% no terceiro trimestre deste ano. Trata-se de um número preliminar, que deve ser novamente revisado no dia 25 de novembro. Economistas do setor financeiro esperavam um decréscimo da ordem de 0,5%. Copom e Fed.
Juros
Ontem, o mercado avaliou positivamente a decisão do Federal Reserve (Fed,banco central americano), que reduziu a taxa de juros local de 1,5% ao ano para 1%, em linha com as expectativas dos analistas, deixando a porta aberta para novos ajustes.
Economistas esperam uma onda mundial de relaxamento da política monetária, como forma de estimular a economia global, à beira de recessão: tanto o Banco Central Europeu (BCE) quanto o BoJ (banco central japonês) já sinalizaram que seguir o exemplo do "Fed" americano em suas próximas decisões de política monetária.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, como esperado. O curto comunicado divulgado após a reunião deixou o mercado dividido entre aqueles que ainda vêem espaço para uma redução da taxa ainda neste ano, e aqueles que não descartam até mesmo uma retomada do ciclo de alta na próxima reunião, marcada para dezembro.
A expectativa se concentra agora sobre a ata da reunião de ontem, que será divulgada na semana que vem.
Entre outras notícias do dia, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) informou que a inflação medida pelo IGP-M, utilizado para o reajuste dos aluguéis, teve alta de 0,98%, ante 0,11% em setembro. Analistas do mercado esperavam uma variação de 0,95%.