O presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Luis Alberto Moreno, pediu nesta quinta-feira (30/10) aos empresários asiáticos que não caiam na tentação de deixar de investir na América Latina e no Caribe por causa da crise econômica mundial.
Vários líderes latino-americanos, entre eles o vice-presidente colombiano, Francisco Santos, participaram de um fórum de comércio e investimento entre Ásia e América Latina, que começou hoje em Tóquio e que é organizado com o objetivo de fortalecer os laços comerciais entre as duas regiões.
"Freqüentemente, em tempos difíceis, existe a tentação política entre os países de reduzir seus compromissos com o resto do mundo, uma tentação de tratar o mundo exterior mais como uma ameaça do que como uma oportunidade", declarou Moreno na abertura do fórum. "Esta redução seria um grave erro", advertiu o presidente do BID ante representantes de mais de 500 empresas latino-americanas, japonesas e sul-coreanas.
Moreno se comprometeu com a continuação, por parte do BID, da luta para minimizar os efeitos da crise econômica nos países da América Latina e do Caribe, e, entre as medidas dispostas, lembrou a aprovação de empréstimos para a região no valor de mais de US$ 10 bilhões.
Já Santos disse que "a Ásia, com seus trilhões de dólares em reservas, pode e deve se transformar no grande mecanismo de financiamento" de muitos projetos que agora encontram impedimentos para seguir em frente na América Latina pela situação instável.
O vice-presidente destacou o investimento particular japonês nas obras de ampliação do canal do Panamá, depois que os sindicatos propuseram o adiamento do projeto diante do aumento dos custos em virtude da crise. Além disso, Santos destacou que pela primeira vez a América Latina "está olhando integralmente para a Ásia" como região de oportunidades de negócio.
"A crise afeta a todos: na América Latina e na Ásia se sentiu uma desaceleração. A situação de financiamento começa a apertar e é aí onde temos imensas oportunidades de encontrar novos espaços para o financiamento de muitos destes projetos, que são viáveis e rentáveis", afirmou o vice-presidente colombiano.
O BID anunciou, no último dia 13, que proporcionará aos seus parceiros até US$ 6 bilhões para o combate à crise no terreno financeiro, enquanto a CAF (Corporação Andina de Fomento) terá disponíveis US$ 2 bilhões e o Fundo Latino-americano de Reservas outros US$ 2,7 bilhões.
A iniciativa responde aos pedidos de alguns países latino-americanos, que vêem com preocupação a falta de liquidez nos mercados e a aversão ao risco dos investidores, o que provocou uma saída do capital estrangeiro.
O vice-presidente de setor privado do BID, Steven Puig, disse à Agência Efe que vários países da região já expressaram seu interesse em receber fundos para aumentar a liquidez através desta iniciativa. Puig ressaltou que espera que os principais interessados sejam países da América Central, do Caribe e as menores nações da América Latina --os mais castigados pela crise na região--, que poderão receber até US$ 500 milhões cada um.
Apesar das medidas de estímulo econômico, Moreno reconheceu que as últimas análises do BID indicam que, possivelmente, o crescimento econômico da região da América Latina e do Caribe não alcançará 4,5%, como se previa. "Para o ano que vem, prevemos um crescimento de 2,5% a 3%" da economia da América Latina, acrescentou o presidente do BID.
Do fórum de Tóquio também participaram outros líderes latino-americanos como a ministra de Comércio e Indústria do Panamá, Carmen Gisela Vergara, e o secretário de Comércio e Relações Econômicas Internacionais da Argentina, Alfredo Chiaradía.
O fluxo comercial entre a região asiática e a latino-americana mais que duplicou durante os últimos três anos, e o fórum, que terminará amanhã em Tóquio, é a prova do fortalecimento de seus laços econômicos, informam seus promotores.